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Artigos originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944.

 

A Arte da Devoção

 

A Ciência do Conhecer Deus

 

Minha Jornada ao Teísmo

 

Todos devem estar empregados

 

Livre do Infindável Karma

 

Água: Uma Meditação

 

Retiro de Japa: A Cura Perfeita para o Auto-Negligenciamento

 

Ajudando os devotos a serem bem sucedidos

 

PEQUENO DICIONÁRIO DE TERMOS VAISNAVA

 

 

Todos devem estar empregados

Originalmente publicado na revista Back to Godhead,

Maio/junho 2009

Traduzido por Vedavyasa das

vedavyasadas@ymail.com

 

                                                    Esta troca entre Sua Divina Graça A.C. Bhaktivedanta Swami Prabhupada e um de seus discípulos aconteceu em 1974 na Geneva, Suíça.

Discípulo: Em um discurso recente, um político na Índia disse que 80% da população indiana vive em vilas rurais. Sua proposta era de aumentar a tecnologia nas fazendas. Ao invés das pessoas terem de colher o trigo com as mãos, eles poderiam utilizar colheitadeiras motorizadas, e ao invés de usar bois para puxar o arado, usariam tratores.

Srila Prabhupada: Na Índia muitos homens já estão desempregados, então introduzir mais maquinarias não é uma boa proposta. O trabalho de cem homens pode ser feito por um homem com uma máquina. Mas porque deve haver tantos homens desempregados? Porque não engajar cem homens ao invés de engajar somente um?

                Aqui no ocidente, também, há muito desemprego. Porque nos seus países ocidentais tudo é feito por máquinas, vocês estão criando muitos hippies, frustrando pessoas jovens com nada para fazer. Este é outro tipo de desemprego. Então em muitos casos máquinas criam desemprego.

                Todos devem estar empregados; de outra maneira haverá problemas. “Um cérebro inativo é a oficina do diabo”. Quando há tantas pessoas sem nenhuma ocupação, porque deveríamos introduzir mais maquinarias para criar mais desempregos? A melhor política é que ninguém deve ficar desempregado, todos devem estar ocupados.

Discípulo: Mas alguém pode argumentar, “a máquina está nos libertando do trabalho que nos consome tanto tempo”.

Prabhupada: Libertando do que? Para beber e fazer todos os tipos de absurdos? Qual é o significado dessa liberdade? Se você faz as pessoas livres para cultivarem consciência de Krishna, isso é outra coisa. É claro, quando alguém chega até o nosso movimento para consciência de Krishna, ele deve também ser totalmente comprometido. Este movimento não foi feito para comer e dormir, mas sim para trabalhar para Krishna. Então quer seja aqui na consciência de Krishna ou lá fora na sociedade, a política deve ser a de que todos devem estar empregados e ocupados. Então haverá uma boa civilização.

                Na civilização Védica, era o dever do chefe da sociedade ver se todos estavam trabalhando, fosse ele um brahmana (intelectual ou professor), kshatriya (líder político ou militar), vaishya(fazendeiro ou comerciante), ou um shudra (trabalhador braçal). Todos devem trabalhar; então haverá paz. No momento presente podemos ver que em conta de tanta tecnologia, há desemprego e muitos companheiros preguiçosos. Os hippies são preguiçosos, é tudo. Eles não querem fazer nada.

Discípulo: Outro argumento pode ser de que com a tecnologia podemos trabalhar muito melhor, de maneira mais eficiente, aumentando a produtividade de quem trabalha.

Srila Prabhupada: Melhor que mais homens sejam empregados fazendo o trabalho de maneira menos eficaz. No Bhagavad-gita [18.48] Krishna diz:

saha-jam karma kaunteya

sa-dosam api na tyajet

sarvarambha hi dosena

dhumenagnir ivavrtah

 

Todo empenho é revestido de algum defeito, assim como o fogo é coberto pela fumaça. Por isso, ninguém deve abandonar o trabalho nascido de sua natureza, ó filho de Kunti, mesmo que esse trabalho seja cheio de defeitos”. E um provérbio híndi diz, “Bekari se begari acchi hai”. Bekari significa “sem emprego”. E begari significa “trabalhar sem salário”. Na Índia, vemos muitos aldeões vindo e requisitando a um lojista, ou qualquer senhor, “Por favor, me dê algum trabalho. Eu não quero um salário. Se você quiser, você pode me dar algo para comer. Do contrário, eu não quero nem mesmo isso”. Então, que senhor, se você trabalhar em seus domínios, não lhe dará algo para comer? Imediatamente o trabalhador ganha alguma ocupação, juntamente com comida e abrigo. Então, quando ele estiver trabalhando, se o senhor vê que ele está trabalhando muito agradavelmente, ele dirá, “Está bem, tome algum salário”.

                Por conseguinte é melhor trabalhar sem qualquer remuneração do que permanecer preguiçoso, sem trabalho algum. Isso é uma posição muito perigosa. Mas na civilização moderna, em conta de muitas máquinas, existem tantas pessoas desempregadas, e muitos preguiçosos também. Isso não é bom.

Discípulo: Muitas pessoas dirão que essas idéias são muito fora de moda. Eles preferem ter suas tecnologias, mesmo se isso criar altas taxas de desemprego, porque elas vêem isso como um meio de se libertar do trabalho pesado, e também como um meio de liberdade para curtir televisão, filmes, automóveis.

Srila Prabhupada: Tecnologia não é liberdade. Na verdade, é um caminho livre pro inferno. Isso não é liberdade. Todos devem estar engajados em trabalho de acordo com sua habilidade. Se você tem uma inteligência boa, você pode fazer o trabalho de um brahmana – estudando as escrituras e escrevendo livros, dando conhecimento aos outros. Esse é o trabalho do brahmana. Você não precisa se incomodar com sua subsistência. A sociedade irá suprir isso. Na civilização Védica os brahmanas não trabalhavam por um salário. Eles eram ocupados estudando a literatura Védica e ensinando outros, e a sociedade lhes dava comida.

                Assim para os kshatriyas, eles devem dar proteção aos outros membros da sociedade. Lá haverá perigo, haverá ataque, e os kshatriyas devem proteger as pessoas. Por essa razão eles devem coletar impostos..

                Então, aqueles que são menos inteligentes do que os kshatriyas são vaishyas, a comunidade mercantil, que estão engajados em produzir comida e dar proteção às vacas. Essas coisas são requeridas. E finalmente há os shudras, que ajudam as três classes superiores.

                Essa é a divisão natural da sociedade, e é muito bom, porque foi criada pelo próprio Krishna (catur-varnyam maya srstam). Todos estão empregados. A classe inteligente está empregada, a classe marcial está empregada, a classe mercantil está empregada, e o resto, os shudras, também estão empregados. Não há necessidade de formar partidos políticos e brigas. Nos tempos Védicos não existia tal tipo de coisa. O rei era o supervisor que via se todos estavam engajados em suas respectivas ocupações. Então as pessoas não tinham tempo de formar falsos partidos políticos e fazer agitações e brigar uns com os outros. Não havia nenhuma chance.

                Mas o início de tudo é compreender, “eu não sou este corpo”, e isso é enfatizado de novo e de novo por Krishna no Bhagavad-gita


Hare Krishna!

 

 

Minha Jornada ao Teísmo

My Journey to Theism

 por Narada Rsi Dasa

 

Embora eu fosse ateísta, Deus sempre me atraía, e Ele era um verdadeiro mistério para mim”.

 

Quando um estudante de quatorze anos, encontrei-me com um comunista, o qual me deu alguns livros para ler. Ler era o meu hobby favorito, e eu tinha grande interesse em ler diferentes tipos de livros. Eu, então, comecei a ler os livros comunistas. Eu estava na idade em que muitos garotos e garotas querem se revoltar contra as tradições e normas, e eu não fui exceção. Ao contrário, eu era mais revolucionário do que os meus colegas de classe, e os livros comunistas apenas pioraram as coisas.

 

Os livros diziam que os capitalistas enganam as pessoas em nome de Deus e de religião. Os livros explicavam como o nosso sistema solar havia sido criado e como o nosso planeta Terra e outros planetas haviam sido criados a partir do sol há alguns bilhões de anos. Anteriormente, eu havia aprendido que Deus criara tudo, mas eu não sabia os detalhes de como Ele havia feito isso. Foi por isso que, quando li que a Terra havia sido criada em decorrência da grande atração entre o sol e uma outra estrela, eu prontamente aceitei tal fenômeno sem questionamento. Minha mente estava pronta para abarcar essas idéias, que eram fantásticas e contra a tradição. Como resultado, tornei-me ateísta bastante jovem, e continuei a sê-lo por cerca de trinta anos, até a idade de cinqüenta e quatro.

 

Quando na faculdade, nunca parei de ler muitos livros. Eu sempre queria aprender mais. Aos dezoito anos, já na faculdade, decidi, repentinamente, que eu queria conhecer Deus. Embora eu fosse ateísta, Deus sempre me atraía, e Ele era um verdadeiro mistério para mim. Eu saí de casa com a esperança de me juntar a alguma religião e me tornar monge. Então, através de meditação, eu me devotaria a conhecer e a descobrir Deus.

 

Eu fui para a Índia e me juntei a um grupo da Missão Rama Krsna a fim de me tornar um monge perfeito. A Missão tinha regras muito rígidas e severas. Todos tinham que acordar muito cedo pela manhã para meditar e realizar outras atividades regulares. Eu, todavia, não estava acostumado a levantar cedo, e era viciado em cigarro, o que era estritamente proibido na sede da Missão. Após três meses, deixei o grupo e retornei para casa, não conhecendo nada sobre Deus. Minha missão pessoal havia falhado. Na minha idade, entretanto, a tentativa foi, de qualquer modo, bastante empolgante.

 

Posteriormente, voltei para a universidade para estudar. Todo meu empenho foi direcionado para a obtenção de mais e mais conhecimento de forma que eu pudesse desprovar Deus em qualquer debate ou discussão. Eu ignorava as pessoas que eram religiosas e acreditavam em Deus. Gradualmente, os teístas me pareciam serem grandes tolos estúpidos. Algumas vezes, eu pensava: “Como é possível que alguém seja cego a ponto de acreditar em Deus?”. O teísmo parecia-me uma superstição extrema. A teoria do Big Bang, a teoria da evolução de Darwin, bem como os fantasiosos livros de OVNIs e seres extraterrestres, fizeram-me mais e mais ateísta.

 

O Incômodo Cantar de Meu Pai

 

Nasci e cresci em um ambiente onde meu pai era Vaisnava e vegetariano desde o nascimento. Quando o via não comendo peixe ou carne, eu o considerava estúpido, pois estava além de minha imaginação que uma pessoa pudesse deixar de comer carnes e peixes deliciosos e comer apenas legumes e verduras. Ele levantava da cama bem cedo, às 4 horas, e, sozinho, cantava o maha-mantra Hare Krsna com alguns instrumentos musicais. Isso me incomodava porque eu não conseguia dormir confortavelmente, mas eu nunca fui capaz de pará-lo.

 

Dias, meses e anos se passaram. Gradualmente, pude sentir algo dentro de mim: À proporção que eu tentava saber mais e mais para desprovar Deus, eu via que há alguns problemas e limitações fundamentais que os cientistas nunca poderão solucionar. Os cientistas dizem, por exemplo, que o universo foi criado a partir do Big Bang. Eles tentam descrever todos os estados do universo logo após o Big Bang até o tempo atual. Eles dizem que o espaço-tempo foi criado a partir do Big Bang e que este está se expandindo ainda hoje. Eles tentam mostrar como as várias categorias de partículas e sub-partículas foram criadas naquele estágio primeiro do universo e como esse universo imensamente harmonioso veio a ser o que é agora. Entretanto, surpreendentemente, nenhum cientista pode dizer por que o Big Bang ocorreu e por que ocorreu há cerca de quinze bilhões de anos atrás ao invés de mais cedo ou mais tarde. Finalmente, de onde a singularidade (a “coisa” que explodiu para se tornar o Big Bang) obteve sua massa de densidade infinita?

 

Os cientistas não são capazes de responder a tais questões fundamentais. Ao contrário, eles podem apenas sugerir possibilidades e promover suas opiniões pessoais. Comecei a duvidar de suas teorias porque me pareceu que os próprios cientistas acreditam em algo de que eles nada sabem. Em nome de ciência, eles promovem suas crenças, e isso está errado.

 

Assim, minha questão foi: Se tanto os teístas como os cientistas acreditam em algo que eles não conhecem verdadeiramente, qual é a diferença entre eles? Isso me fez pensar novamente em Deus. Ocupei-me em tentar conhecer Deus pela via da exploração científica. Em 1992, li o best-seller de Stephen Hawking, Uma Breve História do Tempo. Em 1980, quando ele escreveu o livro, ele disse que a Teoria do Campo Unificado deveria ser descoberta dentro de vinte anos. Vinte e oito anos se passaram, mas os físicos continuam confusos. A Teoria do Campo Unificado é um empenho em explicar o mundo com uma teoria todo-poderosa, mais provavelmente sem Deus. Em um sentido estrito, a TCU é o esforço com o intento de se encontrar a partícula única a partir da qual todas as outras partículas foram construídas e desvendar o mistério do universo. Teoreticamente, no entanto, descobrir a TCU é impossível, dado que é impossível criar alguma temperatura infinita em um laboratório ou em algum outro lugar para, através desta, ser possível criar artificialmente um Big Bang em miniatura. Isso é necessário para se obter toda a informação acerca daquilo que aconteceu durante o suposto Big Bang original.

 

Eu estava sempre ocupado com esta sorte de pensamento. Por ser ateísta, eu não estava verdadeiramente feliz. Provando um vazio interior, eu pensava que a vida não possuía um significado ou um propósito superior. Eu, todavia, não estava disposto a me considerar um animal, como advoga o darwinismo.

 

Fazendo as Conexões

 

Um dia, enquanto eu estava indo para o meu escritório em minha motocicleta, eu pensava em Deus e tentava conectar Deus, Sua criação, as explorações científicas e as teorias de origem do universo. Repentinamente, houve uma tempestade dentro de minha mente. Pensei em como o universo é impecavelmente harmonioso, com equilíbrio apropriado em grande escala, embora, de acordo com a segunda lei da termodinâmica, o universo não devesse ser harmonioso e equilibrado. Ele deveria chegar a um estado de desordem com o tempo. A fim de justificar essa discrepância, os cientistas imaginam uma espécie de matéria negra disseminada por todo o universo criando equilíbrio. Os cientistas dizem que somente dez por cento da massa do universo é visível; os noventa por cento restantes sendo matéria negra invisível.

 

Lembrei-me que a palavra Krsna significa tanto “negro” como “atração”. Pensei que talvez Krsna fosse a solução para esse grande problema fundamental.

 

Mudei a rota de minha motocicleta. Ao invés de ir para o escritório, fui ao templo local da ISKCON e comprei um Bhagavad-gita e uma coleção completa do Srimad-Bhagavatam. Fui para casa e comecei a ler primeiramente o Gita, sem qualquer demora. Assim como uma pessoa prestes a morrer de sede, bebi afoitamente as palavras. Aqui estão alguns dos versos que me deixaram especialmente perplexo:

 

“Ó conquistador de riquezas, não há verdade superior a Mim. Tudo repousa em Mim como pérolas ensartadas em um cordão”. (7.7)

 

“No começo do dia de Brahma, todas as coisas se tornam manifestas a partir do estado imanifesto, e, posteriormente, quando a noite cai, todas as coisas são imersas no imanifesto novamente”. (8.18)

 

“Ó filho de Kunti, ao fim do milênio, todas as manifestações materiais entram em Minha natureza, e, ao começo de outro milênio, por Minha potência, Eu as crio novamente”. (9.7)

 

“Toda a ordem cósmica está submetida a Mim. Sob a Minha vontade, ela é automaticamente manifesta repetidamente; e, sob a Minha vontade, ela é aniquilada ao fim”. (9.8)

 

“Esta natureza material, que é uma de Minhas energias, está trabalhando sob a Minha direção, Ó filho de Kunti, produzindo todos os seres móveis e inertes. Sob o critério dela, esta manifestação é criada e aniquilada repetidas vezes”. (9.10)

 

“A substância material total, chamada Brahman, é a fonte do nascimento, e é esse Brahman que Eu impregno, tornando possível o nascimento de todos os seres vivos, Ó descendente de Bharata”. (14.3)

 

Eu estava imensamente surpreso. Instantaneamente, compreendi que esta é a verdadeira teoria da criação do universo. Os cientistas procuram por isto há muito tempo, mas do modo equivocado – como ir para o Japão quando se está procurando pela América.

 

Compreendi que “tornam-se manifestas” (8.18) se refere à criação do universo e de suas quatro dimensões (sendo o tempo a quarta). O estado imanifesto é o mundo virtual de mais do que quatro dimensões. Os cientistas teorizam um mundo virtual de nada menos do que onze dimensões, e eles dizem que o nosso universo será destruído um dia e então criado novamente. De acordo com a Teoria das Cordas e outras teorias, esse processo se repete continuamente. O verso seguinte afirma a mesma idéia: “Repetidamente, quando o dia de Brahma chega, todas as coisas vêm a ser, e, com a chegada de sua noite, elas são desamparadamente aniquiladas”. (8.19)

 

Sem mais nenhum tardar, deixei o ateísmo e me tornei teísta, tendo desperdiçado trinta valiosos anos de minha vida. Mas considero-me afortunado, e fico feliz em pensar que o Senhor Krsna derramou Sua misericórdia sobre mim. Agora, seguindo o exemplo de Arjuna, refugio-me de todo o coração aos santos pés do Senhor Krsna. Como Ele nos instrui: “Ocupe sua mente em sempre pensar em Mim, torne-se Meu devoto, ofereça-Me reverências e adore-Me. Completamente absorto em Mim, certamente você virá a Mim”. (9.34)

 

 

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – www.devocionais.xpg.com.br

 

 

 

A Ciência do Conhecer Deus

 

The Science of Knowing God

 por Navin Jani

 

A investigação de Deus através do método da consciência de Krsna pode realmente ser chamada de científica?

 

Deus: A Evidência; Deus, um Delírio; Deus: A Hipótese Fracassada; A Linguagem de Deus: Um Cientista Apresenta Evidências de que Ele Existe. Aparentemente, escrever sobre Deus é a última moda entre os cientistas, tanto teístas como ateístas. Muitos de tais autores também foram convidados a palestrar a multidões em faculdades, e eles causam considerável alvoroço. Seria esta, contudo, a melhor maneira de se abordar a questão acerca da existência de Deus? A ciência convencional, particularmente suas formas “rígidas”, como a Física e a Biologia, não parece oferecer a instrumentária e técnicas apropriadas com as quais se chegar a uma resposta definitiva. Por outro lado, muitas abordagens religiosas parecem impedir a aplicação rigorosa da razão e a oportunidade para experimentação individual. Entre essas duas alternativas menos do que satisfatórias, a literatura Védica da Índia antiga oferece o que poderia ser uma promissora terceira opção. Para nos convencer de que tal opção é de fato promissora, teremos, primeiramente, de analisar por que a ciência convencional não dá conta do serviço; seguiremos, então, em frente para compreender como a ciência espiritual da literatura Védica é bem-sucedida em tal tarefa sem comprometer o que as pessoas modernas gostam na ciência.

 

Duas doutrinas cardinais apresentam grandes obstáculos para a ciência convencional como um meio para se conhecer Deus. A primeira é a doutrina do naturalismo, a suposição de que todo fenômeno natural possui causas naturais. (Natural, neste contexto, significa empiricamente observável, ou perceptível através dos cinco sentidos). Esta é uma suposição fundamental da pesquisa científica, e sua aceitação descarta efetivamente qualquer realidade além do alcance dos sentidos.

 

Tendo dito isto, há interpretações, de certa forma, mais leves dessa doutrina. Alguns cientistas distinguem entre naturalismo metafísico e metodológico. Naturalismo metafísico é a visão descrita acima de que, por trás de tudo no mundo, há uma causa empírica. De acordo com essa visão, o sol nasce em virtude da rotação da Terra, e certamente não em conseqüência de ser puxado por uma entidade imperceptível conduzindo uma quadriga dourada. O naturalismo metodológico, contudo, apenas limita o modo com que estudamos o mundo a observações empíricas (o que podemos tocar, ver, sentir e assim por diante), sem necessariamente desconsiderar explicações sobrenaturais para essas observações. Segundo essa visão, uma quadriga poderia possivelmente puxar o sol, mas o único modo para testar essa proposição seria usar telescópios e instrumentos similares. Assim, fenômenos sobrenaturais talvez existam, mas meios sobrenaturais não são permitidos como forma de verificá-los. Embora essa perspectiva seja mais acomodatícia, veremos a seguir que ainda é desnecessariamente restritiva para uma pessoa seriamente comprometida com a investigação da existência de Deus.

 

O segundo obstáculo é a doutrina da falsificação. Popularizada pelo filósofo da ciência Karl Popper, esta doutrina defende que, para uma declaração ser considerada científica, alguém deve ser capaz de provar que ela é falsa. Em outras palavras, se o cientista A faz alguma alegação, mas não há como o cientista B demonstrar que tal alegação é falsa, então a alegação é considerada não-científica. Se ela não pode ser testada, ela é desconsiderada. Uma conseqüência interessante de se aceitar tal critério para a ciência, conseqüência esta que exploraremos de modo mais completo posteriormente, é que se torna impossível provar algo. A pessoa pode apenas desprovar. Este é, no entanto, o funcionamento da ciência sob a doutrina da falsificação. A ciência aceita uma teoria se ela pode ser usada de forma a explicar e previr fidedignamente um fenômeno natural e se nenhum dado a contradiga. Se a teoria é refutada em algum ponto, então outra teoria é aceita, e, assim, o ciclo continua. Embora o conhecimento mercurial produzido de tal abordagem possa ser aceito para outros propósitos, ele não é uma base apropriada para a compreensão de Deus.

 

Duplamente Cegantes

 

Por que essas doutrinas gêmeas da ciência convencional, o naturalismo e a falsificação, tornam-se tão problemáticas quando aplicadas ao estudo do divino? Porque são injustificadamente cegantes. Realizemos um experimento mental para descobrirmos como. Suponha que os teístas veementes e talentosos, inigualáveis em sua execução de investigação científica convencional e consumados em sua dedicação a um ser divino onipotente, repentinamente tomam posse de todas as grandes universidades e grandes institutos de pesquisa. Passadas décadas de tempo, quão longe tais gênios tementes a Deus poderiam ir? Eles certamente poderiam descreditar toda teoria científica alguma vez proposta que não incluísse uma rigorosa concepção de Deus. Eles também poderiam propor elaborados modelos de composição própria tanto centrados em Deus como perfeitamente de acordo com todo dato empírico já observado. Mas a pergunta de um milhão de dólares é: Eles provariam a existência de Deus?

 

A resposta é não. Eles certamente tornariam o ateísmo uma postura irrazoável e que nenhuma pessoa inteligente teria a esperança de justificar. E eles elaborariam uma visão abrangente do mundo como dependente de Deus em todos os aspectos. Mas eles não provariam que Deus existe. O naturalismo os impediria de apresentarem dados e evidências transcendentais aos cinco sentidos, e a falsificação os impediria de estabelecerem qualquer espécie de verdade conclusiva. Presos por tais algemas ideológicas da ciência convencional que limita toda investigação a desprovar teorias por meio de dados naturais, eles jamais seriam capazes de produzir evidências positivas de uma entidade sobrenatural.

 

Então, onde ficamos nós, os racionalistas espiritualmente indagadores? Se, mesmo em tal cenário ideal, a ciência convencional não poderia nos dar a satisfação de saber que Deus existe, resta-nos apenas a fé cega no que as autoridades nos dizem? Não há nenhuma forma de se empregarem métodos racionais de observação e experimentação a fim de se compreender o Supremo? As escrituras Védicas da antiga Índia disponibilizam-nos precisamente tal alternativa.

 

Raízes Iluministas

 

Para apreciarmos o valor do que a literatura Védica oferece, devemos, primeiramente, compreender que o estabelecimento científico estima o naturalismo e a falsificação em virtude desses ajudarem na distinção entre ciência e pseudociência. Os pesquisadores atuais são descendentes intelectuais do Iluminismo, um movimento na Europa oitocentista que mudou a visão da humanidade dos céus para a terra e cujos proponentes estimam a razão e o progresso sobre o dogma e a tradição. Deste modo, os membros da comunidade científica constantemente buscam delimitar a ciência de sorte a explorar o mundo através da razão e do intelecto, um caminho que é aberto ao empenho e à iniciativa individuais. Em contraste, eles vigilantemente expulsam ao reino da pseudociência qualquer abordagem que vejam como dependente de emoções subjetivas ou de recepção passiva, o que, para eles, comumente inclui religiões de todo tipo. Tanto o naturalismo como a falsificação auxiliam em tal separação, daí os pesquisadores do mainstream terem aceito-os como doutrinas.

 

Reconhecendo que a motivação fundamentadora de sua aceitação é bona fide – distinguindo indagações disciplinadas de alegações caprichosas – uma questão crítica é se tais doutrinas são o único meio para a obtenção desse fim, inobitenível pela aplicação da sabedoria Védica. Enquanto evitando as armadilhas que o naturalismo e a falsificação apresentam, a literatura Védica nos dá um meio para obtermos o conhecimento, meio este, no entanto, rigoroso, sistemático e verificável. Na verdade, o método Védico tradicional para se conhecer a Deus – como apresentado em escrituras como o Bhagavad-gita e o Srimad-Bhagavatam – é um modelo de boa ciência, embora uma ciência adaptada de maneiras inevitáveis para o estudo do espírito.

 

Métodos de Ciências Brandas

 

A primeira adaptação – que, em virtude de sua natureza óbvia, é quase indigna de menção – é a realização de que Deus é uma pessoa com a qual se deve lidar de acordo, não como um substratum inerte do universo que podemos escavar e colocar no microscópio. Assim, se vamos olhar para a ciência como um modelo, devemos olhar para as ciências sociais, e não tanto para as ciências naturais.

 

Certamente, muitos cientistas “rígidos” fazem escárnio da idéia de disciplinas como psicologia, sociologia e economia serem consideradas ciências, mas isto não impediu legiões de homens pensadores a tentarem aplicar o método científico para estudar os seres humanos e suas sociedades. Tais cientistas sociais são forçados simplesmente a levar em conta em suas áreas qualidades como a autoconsciência e a autodeterminação, o que os cientistas naturais, que pesquisam matéria inerte e espécies subumanas, geralmente se dão a liberdade de ignorar. Uma vez que mesmo o estudo de humanos como agentes conscientes é uma temática para a ciência social, por que usaríamos os métodos das ciências naturais para estudar Deus? Se ainda há dúvidas, Ele é sobre-humano.

 

Como, então, poderíamos definir a ciência sócio-espiritual da literatura Védica? Podemos definir a ciência social convencional ou similar como “a observação objetiva do reino natural através dos sentidos e de suas extensões”. Dado, todavia, que Deus é conhecido na literatura Védica como Adhoksaja (aquele além do alcance dos sentidos) e Acintya (inconcebível), a necessidade de se adaptar tal definição ao estudo da transcendência revela-se óbvia. Uma definição para a ciência transcendental que leva em conta a natureza transcendental de Deus poderia ser “a experiência subjetiva do reino transcendental através da consciência e de acordo com a direção das escrituras reveladas”.

 

Tal definição deixou de ser científica? Srila Prabhupada parece acreditar que não; ele se referia à prática da vida espiritual como a ciência da auto-realização. Revisemos os componentes dessa ciência e vejamos se tal perspectiva é justificada.

 

Para começarmos, a nossa nova definição de ciência envolve subjetividade ao invés de objetividade. A ciência moderna, no entanto, – através do princípio da incerteza de Heisenberg e da física quântica – trouxe o observador para dentro das equações físicas e o impediu de permanecer seguro na lateral do campo. Assim, a presença e as percepções da pessoa no ato de mensurar tingem sob todos os aspectos a mensuração, e não existe tal realidade expressa como conhecimento independente do conhecedor. Sim, tais verdades operam na escala quântica infinitesimal, mas o ponto é que a ciência convencional mostrou essencialmente que a objetividade é ilusória; de forma prática, portanto, não podemos ser criticados por falar em ciência com base em experiências subjetivas.

 

O próximo componente de nossa definição de ciência espiritual é o uso da consciência, ao invés de nossos sentidos físicos, como nosso instrumento primário de pesquisa. Isto obviamente viola a doutrina do naturalismo metodológico, a qual restringe as mensurações a instrumentos que expandem os sentidos; mas nossa definição ainda é científica em termos significativos?

 

Isomorfismo

 

Consideremos o princípio de isomorfismo, que dita que o instrumento usado para mensurar certo fenômeno deve ser apropriadamente compatível ao fenômeno. Depender unicamente dos cinco sentidos e de suas extensões mecânicas em nossa busca por Deus viola este princípio, visto que eles são capazes de perceber apenas matéria e visto que o nosso assunto é espiritual. Considerando esta limitação, é simplesmente razoável substituí-los por uma ferramenta de mensuração mais apropriada. Dogmaticamente ater-se somente aos instrumentos com os quais se está familiarizado ou com os quais se sente confortável – em face de sua óbvia impropriedade – é o sinal de um pesquisador destituído de razão, e não de um bom cientista. Como escrito décadas atrás pelo famoso químico John Platt no periódico Science:

 

Esteja atento ao homem de um método ou de um instrumento, seja experimental ou teorético. Ele tende a se tornar orientado pelo método ao invés de orientado pelo problema. O homem orientado pelo método está algemado; o homem orientado pelo problema está, pelo menos, ascendendo livremente em direção ao que é mais importante.

 

Caso queiramos pesquisar com sucesso a existência de Deus; como bons cientistas, devemos nos valer de qualquer método que melhor se adéqüe ao problema em mãos. A literatura Védica nos informa que, a fim de compreender o espírito supremo, a consciência suprema, o eu supremo, o único instrumento adequado é o nosso próprio espírito, nossa própria consciência, o nosso próprio eu. Na verdade, apenas em nossa capacidade como porções de Sua divindade podemos nos conectar com Deus.

 

O Uso da Consciência para a Investigação acerca de Deus

 

Tendo sagaciosamente escolhido a consciência como o nosso instrumento, como devemos aplicá-la? É neste ponto que a orientação das escrituras reveladas se torna crucial. Seguir as escrituras significa estudar Deus em Seus próprios termos, pois Ele é a fonte última das escrituras.

 

Adaptações às necessidades e demandas de um tema não é algo alheio à pesquisa sócio-científica convencional. Consentimento e acesso são da maior importância visto que os seres humanos não podem ser manipulados contra a vontade deles como se fossem meras vias de elementos químicos ou chimpanzés de laboratório. Se tais considerações são críticas para o estudo de pessoas ordinárias, não devemos nos surpreender com a constatação de que são importantes no estudo de Deus. Se queremos ser bem-sucedidos, precisamos que Ele consinta com o nosso estudo e nos permita ter acesso a Ele. Nós talvez consideremos esse posicionamento subordinado como intragável, mas devemos aceitar que estamos tentando nos encontrar com a pessoa mais ocupada, mais rica, mais poderosa e mais famosa na existência.

 

Pesquisadores de ciências sociais frequentemente falam de pessoas criticamente posicionadas que podem ajudá-los a fazer importantes contatos como “guarda-cancelas”. Como resultado, Deus tem seus próprios guarda-cancelas, e precisamos trabalhar com eles para obtermos uma audiência com Deus, da mesma forma com que trabalharíamos com uma hierarquia corporativa para arranjarmos um encontro com um CEO.

 

Para a nossa fortuna; no Bhagavad-gita, Deus apresenta elaboradamente os procedimentos pelos quais podemos ganhar acesso a Ele. Dentre esses, o mais fundamental é a necessidade de se aceitar um guru. Tal movimentação é não-científica? De forma alguma. Assim como qualquer doutorando aprende a arte de pesquisar com um orientador, o aspirante espiritual também deve receber instruções de um especialista. Qualquer pesquisador experiente, seja do espírito ou da matéria, pode transmitir técnicas e práticas melhores.

 

A abordagem Védica para o conhecimento de Deus viola, deste modo, a doutrina do naturalismo em sua aceitação de métodos sobrenaturais; ela é, no entanto, surpreendentemente consistente com o espírito científico, e mesmo com muitos de seus princípios essenciais. Trata-se de uma ciência aprimorada, dado que permite acesso a uma dimensão de realidade inteiramente diferente, mas de modo sistemático e passível de repetição.

 

E quanto ao outro impedimento do conhecimento científico convencional para o acesso a Deus, a doutrina da falsificação? Como a ciência da literatura Védica aborda essa limitação?

 

Duas Perspectivas de Conhecimento

 

Mais uma vez, um pouco de discussão preliminar se faz necessário antes que possamos responder tais questões. A ciência convencional e a ciência Védica possuem perspectivas dramaticamente divergentes acerca do conhecimento. A primeira defende que os seres humanos não podem conhecer algo positiva e independentemente. Ao contrário, com base em dados empíricos, que coletamos observando e interagindo com o mundo físico, nós constantemente refinamos o que nós consideramos a verdade. Nossa base de conhecimento é, portanto, relativa e sempre em mutação.

 

Em última instância, o significado disso é que, em verdade, não conhecemos nada. Eu talvez possa dizer que o sol irá nascer amanhã ou que há um país chamado China do outro lado do mundo, mas o meu pretenso conhecimento é baseado apenas em minha experiência. Se, amanhã, o sol não nascer ou se pego um avião para a China e descubro que ela não existe, eu certamente revisaria a minha consideração de verdade. O conhecimento dependente de hoje é a mitologia de amanhã. À luz de tal compreensão de conhecimento, a doutrina da falsificação tem sentido. Nós não podemos saber verdadeiramente o que é a verdade, então usemos o nosso tempo simplesmente expondo o que definitivamente não é verdade e aceitemos o que sobrar como bom o suficiente por ora.

 

As escrituras Védicas apresentam uma visão de conhecimento diferente. Elas clamam podermos conhecer as coisas de modo certo, intrínseco e independente. Este conhecimento absoluto não é sujeito aos fluxos de nosso mundo sempre a mudar. De forma nada surpreendente, este princípio acomoda da forma mais poderosa e gloriosa a pergunta cuja resposta mais deveríamos querer: existe um Deus? Soa excelente, talvez digamos, mas este conhecimento propostamente absoluto é científico? Certamente ele o parece ser. Conquanto apresentado em escrituras reveladas, a pessoa não precisa aceitá-lo cegamente, baseado unicamente nas palavras e experiências de outra pessoa. Em verdade ao espírito de indagação científica, ele pode ser verificado por empenho individual.

 

Mais Científico do que a Ciência

 

De fato, alguém poderia argumentar que este processo é até mesmo mais científico do que a ciência convencional, mas, afinal, por que tantas pessoas escolhem a ciência ao invés de, digamos, religião como um meio para a aquisição de conhecimento? Suponho que assim o é porque, se terão de depender de informações oriundas de uma fonte externa, em detrimento de alguma sorte de figura de autoridade, eles preferem seus próprios sentidos (que são uma fonte externa no senso que sou diferente de meus olhos, os quais podem me enganar – e de fato me enganam). Ao menos, eles estão envolvidos, assim, no processo, e não se encontram meramente como recipientes passivos. A literatura Védica, entretanto, declara fortemente que você não tem que depender de alguma fonte externa – você pode conhecer pessoalmente. O conhecimento não necessita ser externamente dependente, seja de uma figura de autoridade seja de nossos próprios sentidos, mas pode tornar-se algo genuinamente interno. O que poderia ser mais satisfatório a pessoas que querem ver por si mesmas?

 

Desta maneira, o método Védico nos permite transcender as restrições da falsificação e adquirir conhecimento positivo verdadeiro, mas de um modo harmonioso com idéias científicas, como observação independente e verificação.

 

É claro que começamos pela aceitação da versão das escrituras com base em fé, mas, novamente, será isto algo tão imensamente não-científico? Toda pesquisa investigativa convencional começa com uma hipótese, uma formulação do que o pesquisador espera encontrar. Esse pressentimento pode advir de teoria, observação, pesquisa pretérita, experiência de vida, intuição – de qualquer fonte. Enquanto os métodos usados na investigação das hipóteses forem rigorosos, sua fonte é irrelevante. Assim, por que não começar pelas escrituras?

 

Portanto, mesmo antes de começarmos a nossa investigação, as escrituras têm sim um importante papel. A fim de que não tenhamos problemas imaginando como é ter tal conhecimento positivo, as escrituras usam analogias para nos inspirar. O Senhor Krsna explica na abertura do capítulo mais confidencial do Bhagavad-gita (Capítulo 9) que o conhecimento que Ele está prestes a descrever concede “experiência direta” (pratyaksa). Muito embora a temática sendo discutida seja claramente espiritual, a palavra sânscrita utilizada é a mesma usada em sensações físicas. E, caso isto não baste para nos transmitir a idéia, o Srimad-Bhagavatam (11.2.42) nos assegura:

 

Devoção, experiência direta do Senhor Supremo e desapego das outras coisas – estes três ocorrem simultaneamente para aquele que se refugia na Suprema Personalidade de Deus, da mesma forma que prazer, nutrição e alívio da fome manifestam-se simultânea e crescentemente a cada mordida para uma pessoa ocupada em comer.

 

Seguindo fielmente os procedimentos dados por Deus na literatura Védica, podemos esperar experimentá-lO de um modo tão tangível como experimentamos uma refeição. E isto não se restringe a uma experiência interior. Ao contrário, tanto o Gita (6.30) quanto o Bhagavatam (11.2.45) nos informam que, em certo estágio de avanço, veremos Deus em tudo e em todos.

 

Neste ponto, deve estar claro que o que é oferecido pela literatura Védica é um meio genuinamente científico para se conhecer Deus. Ao invés de invocar mero sentimentalismo ou fé cega, ele apresenta um processo coerente que incorpora tanto razão como empenho individual, e então convida as almas desejosas a fazerem sua própria investigação. Então, para aqueles de nós que realmente querem pesquisar a existência de Deus, a dificuldade é clara: Correndo sobre os dois trilhos do naturalismo e da falsificação, a locomotiva da ciência convencional pode nos levar até certa distância na direção correta. Cedo ou tarde, entretanto, temos que embarcar no aeroplano da ciência Védica para alcançarmos o nosso destino desejado. Por que, então, esperar até o fim dos trilhos?

 

 

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – outros artigos disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br

 

 

 

 

  A Arte da Devoção

 

The Art of Devotion

  por Indulekha Devi Dasi

 

Na tradição artística da Índia, tradição esta baseada na herança espiritual do país, uma devota de Krsna encontra inspiração para suas práticas espirituais.

 

“Eu adoro aquela morada transcendental conhecida como Svetadvipa . .. . onde toda palavra é uma canção, todo passo é uma dança, e a flauta é a companheira favorita”. (Sri Brahma-samhita 5.56)

 

Qual é o propósito da arte? Na faculdade de Artes, aprendi que se trata de um modo de expressar algo sobre si mesmo, algo original. Válido, mas qual é o ponto de tudo isso? Qual deveria ser a razão de uma obra de arte, de uma dança, de uma música? Para muitos, é a criação em si, ou mesmo o desejo pela fama decorrente de se fazer algo jamais criado antes.

 

Tendo sido apresentada à Consciência de Krsna por uma amiga na escola, deixei a faculdade com essa questão queimando em meu coração. Eu li os livros de Prabhupada, mas passei mais tempo me absorvendo na beleza das obras de arte a retratarem os passatempos de Deus em toda a sua variedade. Quase que imediatamente, comecei a trabalhar na produção de detalhadas ilustrações do Senhor Krsna e de Seus passatempos em Vrndavana. Descartei muitas de tais ao longo dos anos, mas elas serviram como base para idéias posteriores.

 

Permaneci no asrama por algum tempo e então parti para a Índia, onde a beleza da dança e da música clássicas tomou os meus sentidos. Às vezes, eu ouvia fios melódicos das mais doces músicas vindo da casa ou do jardim de alguém, e eu frequentemente permanecia em um lugar até memorizar a melodia. Outras vezes, eu via dançarinos com seus longos olhos negros, rostos ricos em expressões, pés poderosos e elegantes e sonorizados por dúzias de sininhos. Decidi que me tornaria uma artista de Deus, de Krsna, e esta seria a minha causa, a razão para ser artista..

 

Pouco eu compreendia até então sobre quão profundamente os antigos sábios da Índia haviam pesquisado sobre música, dança e arte. A Índia tradicional tem uma forma maravilhosa de descobrir a essência espiritual de qualquer aspecto de nossa experiência humana e de criar poderosas manifestações artísticas como conseqüência. Uma história antiga conta-nos sobre o sábio Bharata, autor do Natya Sastra, o mais antigo tratado indiano referente a artes performáticas. Brahma, o engenheiro do universo, deu o Natya Sastra a Bharata, que, juntamente com grupos de Gandharvas e Apsaras – musicistas e dançarinas celestiais – realizou uma apresentação diante do Senhor Siva. Ao ver a estonteante apresentação, o Senhor Siva lembrou-se de sua própria dança majestosa, a tandava-nritya, e ele e sua consorte, Parvati, ensinaram Bharata a arte da dança, a qual foi posteriormente trazida à Terra.

 

Dança

 

Pessoas espiritualistas às vezes vêem a dança como narcisista.. É possível dançar para o Senhor sem deslizar para o desejo de obter fama e adulação? Eu acredito que sim, mas isso deve ser feito na forma de sadhana, ou prática espiritual.

 

Em 1933, comecei o treinamento na dança Bharata Natyam com Guru Prakash Yadagudde, professor residente da Bharatiya Vidya Bhavan, uma organização com centros na Índia e no Reino Unido com o fim de promover as artes culturais indianas. Juntamente com esse treinamento, estudei música karnática (sul-indiana) para melhor compreender como a dança e a música são tecidas juntas. Descobri que eu tinha aptidão para o canto, algo do que eu era apenas um pouco ciente antes. Pouco tempo depois, eu havia me diplomado em canto e estava até mesmo lecionando.

 

O treino para Bharata Natyam é árduo e requer compromisso para que seja exitoso, mas me cativei por sua profundidade espiritual e pela beleza requintada dos movimentos. Em seu livro Bharata Natyam, Sunil Kothari descreve a dança belamente: “Trata-se de um dos estilos de dança artística mais sutil, sofisticado e gracioso do mundo. Flores se abrem nas mãos da dançarina, e passarinhos voam a partir das pontas dos dedos; o corpo se move, agora orgulhoso, agora devocional... Tal dança dramática, realizada por meio do veículo do corpo de acordo com as mais delicadas nuanças musicais ou poéticas, é certamente uma arte irrivalizável”.

 

Como uma devota de Krsna, aprendi que bhakti é a yoga da ação, um modo de se canalizar a própria ocupação no serviço ao Senhor Krsna simplesmente ocupando-se em um humor devocional. Como dançarina, descobri que isso é verdade. Passada a austeridade inicial do aprendizado de uma forma de auto-expressão alheia à minha cultura nativa, aprendi a retratar os passatempos de Sri Krsna com Suas características travessuras, disposição brincalhona e sofisticada inteligência. Passei horas em frente ao espelho tentando emular Krsna e Seus devotos tão naturalmente quanto possível.

 

A famosa dançarina Rukmini Devi Arundale disse: “Um artista verdadeiramente espiritual é aquele que esquece de si e que, nesse auto-esquecimento, atinge a bem-aventurança chamada ananda”. Deve-se adicionar aqui que auto-esquecimento indica que o dançarino ou a dançarina se permite tornar-se um recipiente através do qual uma deidade é canalizada. Qualquer um que tenha visto grandes dançarinos compreenderão que a fama deles não é produto de sua técnica física, visto que existem muitos dançarinos tecnicamente perfeitos, mas que é produto da maneira com que sua retratação da divindade pode fazer com que uma apresentação de duas horas pareça durar dois minutos. Há algo estonteante acerca de um dançarino que aparece no palco vestido de vermelho e assumindo a personalidade de um violento semideus, e então entra novamente em cena como a afável mãe do Senhor Rama, Kaushalya. Nossas emoções acompanham as transformações, e nos absorvemos nos pensamentos e nas emoções relacionadas ao Senhor e a Seus servos.

 

Música

 

Minha jornada pela música vem-se revelando a experiência mais espiritualmente transformadora de minha vida. Três anos atrás, comecei a me graduar em um bacharelado em música norte-indiana/sikh com o professor Surinder Singh, o diretor de uma organização chamada Raj Academy, um grupo sediado em Londres com foco nos aspectos curativos da música indiana. A música tradicional indiana é baseada em algo chamado raga, um conceito com muitas camadas de significado. No nível mais básico, raga é uma escala musical de cinco a sete svaras, ou notas, ascendentes e descendentes. Há milhares de ragas, muitas delas possuidoras dos mesmos svaras. O que faz a diferença é que, a cada escala, é dada personalidade e rasa, ou humor, colocando-se diferentes ênfases em certas notas e relacionando-as umas com as outras de vários modos. Uma raga, portanto, é uma expressão de profunda emoção em toda a sua complexidade. Ragas podem ser espirituais ou mundanas, dependendo de sua musicologia ou da maneira com que foram arranjadas.

 

Certa vez vi alguém que exemplificou o que significa devotar a própria vida ao sadhana da arte como devoção. Pandit Ram Narayan é conhecido por muitos como o maestro de sarangi da Índia. Sarangi é um instrumento que se acredita ter sido criado por Ravana, o demônio de dez cabeças do Ramayana e um hábil musicista. A palavra sarangi significa “todas as cores”, indicando que o instrumento é capaz de capturar todas as emoções, tanto mundanas como espirituais. Panditji explicou à audiência que a deidade está verdadeiramente presente na raga. Ele então tocou a raga Sri, a personificação de Parvati, a consorte do Senhor Siva. Ao término da apresentação de Panditji, o silêncio tomou a sala, uma vez que a audiência, em primeira instância, estava estupefata demais para aplaudir. A presença da deusa era inegável.

 

A ciência indiana da música está quase perdida nos dias atuais, até mesmo para os musicistas indianos; dentre os quais, a maior parte considera o que é dito nos textos antigos como mitologia. Um dos mais famosos musicólogos do período Védico foi Narada, que muitos acreditam ser o Narada Muni dos passatempos de Krsna. Em seu Naradiya Siksa, o sábio delineia ragas e suas relações com humores, cores, planetas, cakras e outros fatores esotéricos fundamentalmente conectados ao som e à manifestação do mesmo no mundo. Seu texto é particularmente o primeiro a escrever sobre o que é conhecido como srutis, ou os sons que existem entre as doze notas comumente usadas. Ragas são tocadas ou cantadas com ênfase alta ou baixa dos srutis. Embora, para a pessoa comum, essas minúsculas mudanças de som sejam imperceptíveis, elas são percebidas sutilmente e podem mudar nossa disposição e nossos sentimentos. O uso consciente dos srutis e as características notas em glissando das ragas é o que tornar a música indiana obviamente diferente da música ocidental.

 

Muitos de nossos Vaisnavas Gaudiyas predecessores eram musicistas peritos e com extenso conhecimento de raga, métrica poética e taal, ou ritmos específicos. Jayadeva Gosvami, em seu Gita Govinda, nomeia as ragas que acompanham cada poema e explica seu aparecimento e sua personalidade. Candidasa, um poeta adorado por Sri Caitanya Mahaprabhu, escreveu seu Sri Krsna Kirtana em diferentes ragas, assim como o fizeram Govinda Dasa e Vidyapati em seus tratados. Embora nosso foco deva sempre ser no santo nome e não em nossa competência musical, acredito que só temos a ganhar com a compreensão do efeito das ragas musicais e com a aplicação deste conhecimento em nossos bhajanas e kirtanas.

 

Arte

 

Alguém que dança ocupa o corpo a serviço do senhor; alguém que canta, os ouvidos e a voz. Para o pintor, os olhos estão absortos na beleza da forma de Deus, que Se manifesta do coração para a tela. Horas se transformam em instantes à medida que a forma de Sri Krsna aparece: Seus olhos inquietos, Sua pele azul como uma nuvem de chuva, Seus encaracolados cabelos negros. Uma canção de Bhaktivinoda Thakura diz: “Ó filho de Nanda, permita-me adorá-lO com a lamparina de meus olhos”.

 

Como uma artista espiritual, criei o Nataki [www.nataki.co.uk], um website dedicado à propagação da dança, da música e da obra de arte espiritual. A palavra nataki significa artista mulher, uma dançarina geralmente. Na Índia antiga, isto quase sempre implicaria uma carreira devocional como uma artista de templo. Criei o Nataki em razão da minha profunda crença de que toda cura, toda devoção e todo avanço espiritual pode ser obtido por meio da posição de artista. Embora eu ainda seja estudante, espero que o meu website encoraje outros a compreenderem, como eu compreendi, a profundidade, a beleza e a devoção inerentemente presentes nas formas artísticas tradicionais da Índia. A antiga Índia transformou toda possível faceta da vida em arte. De fato, esta talvez seja a contribuição mais marcante da literatura Védica. Todos nós buscamos uma maneira de ocupar nossos sentidos em algo que tenha significado absoluto para a nossa alma.

 

Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outros artigos da revista Volta ao Supremo disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br

 

Livre do Infindável Karma

 

Freedom from Never-ending Karma

 por Narada Rsi Dasa

 

Todos no mundo material estão sujeitos às leis do karma, exceto os devotos puros do Senhor.

 

Em Sydney, Austrália, 1993, meu amigo me mostrou uma das praias mais atrativas do mundo, com água cristalina e areia branca como a neve. Enquanto caminhávamos ao longo da praia, comentei que o cenário era extremamente belo. Então, nós dois refletimos sobre o fato de que nada é permanente neste mundo e que não podemos permanecer eternamente em nenhuma situação. Pensei sobre como deveríamos utilizar a nossa vida temporária com o objetivo de parar a repetição de nascimentos e mortes e para nos livrarmos das garras do infindável karma.

 

Karma é definido, de modo geral, como as atividades materiais e suas reações. As pessoas normalmente parafraseiam o conceito de karma como “Tudo o que vai volta”, ou, como declara a Bíblia, “O que o homem semear, isso também ceifará”.

 

O Sri Caitanya Siksamrta explica que o karma nasce do esquecimento de nossa svarupa, ou forma essencial, nossa identidade como servos de Deus. Não compreendendo o karma, as entidades vivas seguem com a tentativa de dominar a natureza material, tendo o sofrimento como resultado. As atividades materialistas nos mantêm presos dentro do reino material em uma ininterrupta corrente de repetidos nascimentos e mortes. Sem direção apropriada, a jiva (a entidade viva) não é capaz de escapar, assim como um passarinho pego pela rede de um caçador bate suas asas inutilmente.

 

Presa dentro do mundo material, amarrada pelos três modos da natureza material, a entidade viva pensa que o desfrute dos sentidos é a meta última.

 

As leis do karma são intrincadas e difícil de serem compreendidas. A literatura Védica antiga, contudo, explica claramente o problemático envolvimento com a natureza material e como a pessoa pode se livrar dele. Seguindo a prescrição da filosofia Védica, como ensinada pelos instrutores puros da sucessão discipular, certamente cortaremos as amarras do karma e alcançaremos a perfeição espiritual.

 

A Prisão dos Desejos

 

Sendo parte do Senhor Supremo, a entidade viva é espiritual por natureza, mas seu desviante desejo por gratificação sensorial – gratificação da mente e dos sentidos – é a causa primária de seu condicionamento material. Tentando desfrutar da vida material, a entidade viva permanece dentro do contínuo ciclo de nascimento, morte, velhice e doença. Realizando atividades materiais continuamente, a alma vaga de uma espécie a outra interminavelmente. Isto se chama reencarnação ou samsara-cakra, a roda de nascimentos e mortes.

 

As pessoas costumam encontrar dificuldades para compreenderem o conceito de reencarnação. Primeiramente, é preciso compreender a alma, Deus e a relação entre os dois. Krsna diz que a alma é eternamente parte Sua. Como tal, tanto Deus como a alma são eternos, assim como a relação entre eles. Rejeitando Deus, a alma aceita um corpo após o outro, fornecidos por Deus em resposta ao desejo da alma de desfrutar separadamente dEle. Isto é reencarnação. Para nos tornarmos livres desse condicionamento, devemos nos empenhar no restabelecimento de nossa relação eterna com o Senhor.

 

Permanecemos no mundo material porque ele nos parece belo e atrativo. As experiências, entretanto, deveriam nos ensinar que ele contém muitas crueldades. Pela lei do karma, sofremos devido às nossas próprias atividades. O Senhor nos concede independência para agirmos de acordo com as nossas propensões individuais, e colhemos os resultados. A mais devastadora reação kármica é o perpétuo enredamento no mundo material, um lugar muito perigoso. As escrituras explicam que, no mundo material, uma entidade viva sobrevive aos custos de outra (jivo jivasya jivanam). O tigre na floresta captura o cervo e desfruta do banquete. Os ricos oprimem os pobres, e os fortes subjugam os fracos. Esta é a lei da natureza.

 

Deus não é cruel, mas Ele cria este sistema a fim de manter equilíbrio na natureza. É importante compreender que, quando um tigre mata sua presa, tal ato é livre de reação pecaminosa ou mau karma. Os animais agem em decorrência de sua propensão natural (dharma) de sobrevivência. Por outro lado, quando o homem faz as mesmas atividades, como abater vacas ou mesmo matar um inseto, ele se sujeita a ser punido.

 

Os seres humanos possuem um cérebro desenvolvido e o potencial de cultivar conhecimento superior e restabelecer sua relação com o Senhor. Das 8.400.000 espécies, os humanos são superiores a todos os outros em razão de sua potencialidade para desenvolver conhecimento espiritual. Agindo nesse conhecimento, eles podem se livrar do condicionamento do karma. Se nos damos completa e sinceramente à vida espiritual, podemos cortar os laços de nosso karma e obter liberdade, felicidade e perfeição espiritual completas.

 

Mrgari Transformado

 

O Caitanya-caritamrta reconta uma história do Skanda Purana sobre um caçador de nome Mrgari (literalmente, matador de animais), que matava muito animais e deixava outros semimortos para que sofressem. Quando refugiou-se no grande devoto Narada Muni, que se tornou seu mestre espiritual,  ele deixou suas atividades pecaminosas e não seria capaz de pisar sequer em uma formiga. Cantando Hare Krsna sob a ordem de Narada Muni, ele ascendeu a uma elevada posição espiritual. O seu serviço devocional destruiu as reações kármicas de suas atividades pecaminosas. (Krsna declara abertamente que aqueles que prestam serviço devocional a Ele eximem-se de todas as reações pecaminosas; é, todavia, uma grande ofensa cometer atividades pecaminosas intencionalmente premeditando neutralizá-las em seguida com o poder do serviço devocional).

 

Mrgari foi salvo refugiando-se em Narada Muni, o representante de Krsna. Esse é o meio autorizado para se voltar a Krsna. Em seu comentário ao Bhagavad-gita, Srila Prabhupada apresenta a metáfora de dois pássaros em uma árvore. Um pássaro representa a alma individual, e o outro representa Krsna no coração, que está simplesmente assistindo. O pássaro que come (karma) desfruta dos frutos da árvore – alguns doces, outros amargos. No momento em que volta seu rosto em direção ao seu amigo Krsna, no entanto, ele se torna livre do karma. Não se refugiando no Senhor através de seus devotos, as almas sofrem os resultados de suas ações até que realizem a verdade superior de que devem se render a Krsna.

 

Krsna nos dá liberdade, mas o mau uso de tal liberdade resulta em perpétuo condicionamento no mundo material. A energia material nos condiciona a agir de certas maneiras; em ignorância. Destituídas de conhecimento transcendental, as almas rebeldes nascem repetidamente por cometerem atividades pecaminosas repetidas vezes. Elas continuamente ocupam seus sentidos em gratificação egoísta ao invés de os ocuparem no serviço devocional ao Senhor Supremo, que é Hrsikesa, o mestre dos sentidos.

 

As entidades vivas são constitucionalmente servas do Senhor Supremo. Aqueles que rejeitam Seu serviço direto têm de servi-lO de qualquer maneira. Enredadas na vida condicionada, elas são forçadas a servir Sua energia material (maya). Diferentemente dos devotos do Senhor, tais entidades vivas nadam no oceano do karma e jamais se livram dele.

 

Unicamente o serviço devocional puro pode quebrar os vínculos do interminável karma. Krsna pessoalmente recomenda: “Tudo o que fizeres, tudo o que comeres, tudo o que ofereceres ou deres, bem como quaisquer austeridades que praticares – deves fazer tudo isso como uma oferenda a Mim” (Bhagavad-gita 9.27). Krsna quer que direcionemos todas as nossas atividades a Ele.

 

Práticas Prescritas

 

As escrituras Védicas recomendam que regularmente pratiquemos algumas técnicas simples para nos tornarmos devotos puros do Senhor.

 

Devemos sempre cantar os santos nomes do Senhor: Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Cantar este maha-mantra é o principal processo para limparmos o nosso coração, a nossa mente e os nossos sentidos da sujeira acumulada por muitas vidas, sujeira esta que são as reações e os desejos materiais. Para compreendermos verdades superiores – como o eu, sua relação com Deus, as complexidades do karma, o processo de reencarnação e liberação – devemos estudar regularmente o Bhagavad-gita, o Srimad-Bhagavatam e outros livros Védicos que promovam a devoção pura ao Senhor Supremo.

 

Para nos livrarmos de todo karma, bom e ruim, devemos comer somente alimento que tenha sido oferecido a Krsna. Ele aceita somente alimentos vegetarianos puros, e podemos receber os remanentes como Sua misericórdia (prasadam). Krsna afirma claramente: “Se alguém Me oferece, com amor e devoção, uma folha, uma flor, frutas ou água, Eu aceitarei” (Bg. 9.26). Ele deseja alimento vegetariano puro, não carne, peixe, ovos ou bebidas alcoólicas. Quando oferecemos alimentos vegetarianos com amor, devoção e profunda fé, nossa oferenda se torna livre de reações kármicas. “Aqueles, entretanto, que preparam alimento para o desfrute de seus próprios sentidos comem apenas pecado”. (Bg. 3.13)

 

O vegetarianismo também é importante porque, com sua ajuda, evitamos o pecado de matar animais ou de nos ligarmos à matança dos mesmos. A lei do karma dita que aqueles que matam animais e os comem serão mortos e comidos em sua próxima vida.

 

Também devemos buscar pela associação de devotos tentando se livrar do karma. Assim como o contato com um homem doente pode nos contagiar com sua doença, o contato com Krsna ou com Seu devoto puro eleva a pessoa espiritualmente. Podemos, assim, curar-nos do que Srila Prabhupada chamou de “a doença material”.

 

O cultivo da consciência de Krsna nos lembra que tanto o sofrimento quanto o desfrute vêm, de acordo com nossas atividades boas e ruins, sem serem convidados. Todavia, a devoção pura ao Senhor ultrapassa qualquer coisa.

 

Krsna é conhecido como bhakta-vatsala, ou aquele que é muito misericordioso com Seus devotos. Ele está mais preocupado com a nossa volta ao lar, nossa volta ao Supremo, do que nós estamos preocupados com Ele. Ele quer que saiamos deste mundo material miserável para nos juntarmos a Ele em Sua morada eterna. “Todo aquele que se rende a Mim”, Krsna diz, “Eu o recompenso de acordo”. (Bg. 4.11)

 

O Brahmana e o Sapateiro

 

Aqui está um exemplo de dois devotos do Senhor, o qual demonstra como Ele viu a devoção deles e os recompensou de acordo com Sua promessa no Gita.

 

Certa vez, Narada Muni estava para ir encontrar-se com o Senhor Narayana, a forma de quatro braços de Krsna, no mundo espiritual. Tanto um smarta brahmana (um indivíduo apegado a rituais, mas destituído de devoção) quanto um sapateiro solicitaram que Narada perguntasse ao Senhor quando eles iriam de volta ao lar, de volta ao Supremo. Eles também pediram a Narada para contar-lhes o que o Senhor estava fazendo quando ele O viu.

 

Após a partida de Narada, o smarta brahmana manteve-se ocupado em rituais com o intento de obter riquezas e perfeições, enquanto que o sapateiro pobre cantava Hare Krsna enquanto consertava sapatos para manter a sua família.

 

Quando Narada retornou, o smarta brahmana o perguntou: “Meu querido Narada Muni, diga-me, por favor, o que o meu Senhor estava fazendo quando você O viu”.

 

“Ah!”, Narada exclamou. “O Senhor estava passando um elefante pelo buraco de uma agulha”.

 

Cego pelo falso ego e pela falsa devoção, o smarta brahmana disse: “Isso é impossível! Como pode um elefante passar pelo buraco de uma agulha?”.

 

Quando o smarta brahmana perguntou quando ele voltaria ao Supremo, Narada Muni respondeu que demoraria tantos milhões de anos quanto há folhas em um tamarineiro.

 

Quando o sapateiro ouviu que o Senhor estava passando um elefante através do buraco de uma agulha, ele exclamou: “Sim! Sim! Isto é possível! O meu Senhor pode tornar possível o impossível. Nada é impossível para Ele. Ele pode facilmente passar um elefante pelo buraco de uma agulha, da mesma forma que Ele empacota milhões de tamarineiros dentro das sementes”.

 

Narada então contou ao sapateiro que ele retornaria ao Senhor ao fim daquela mesma vida.

 

Como é maravilhoso o arranjo do Senhor Supremo! A devoção simples do sapateiro o qualificou a se livrar do ciclo kármico e a voltar ao lar, voltar ao Supremo, ao passo que o orgulho e a pretensão do smarta brahmana foram obstáculos para o seu sucesso espiritual.

 

Quando, assim como o sapateiro, uma pessoa conhece o simples processo da consciência de Krsna e possui algum amor e alguma devoção pelo Senhor, seus esforços se tornam bem-sucedidos. Outros, como o brahmana smarta, fracassam apesar de conhecerem muitas coisas. O smarta fracassou por causa de suas motivações incorretas, enquanto que o sapateiro pobre, a despeito de sua ocupação humilde, foi favorecido pelo Senhor Supremo e se elegeu a ir de volta ao lar, de volta ao Supremo.

 

Por que não todos nós? Desfaçamo-nos de todo o nosso karma. Se um sapateiro pobre pode fazê-lo, então certamente podemos também. E o façamos de todo o coração. Ricos ou pobres, todos são sujeitos às leis o karma; mas aqueles que são conscientes de Krsna superam tudo. Todo aquele que sinceramente canta Hare Krsna, seja um grande industrialista ou um mendigo, pode alcançar a morada do Senhor. O Bhagavatam promete que o cantar de Hare Krsna é capaz de queimar todo o nosso karma, exatamente como um incêndio florestal reduz a cinzas árvores gigantescas ou como o sol desfaz um nevoeiro através de seus raios.

 

As atividades espirituais estão além das leis do karma, e, portanto, nenhum condicionamento pode parar ou aprisionar os devotos puros dentro do mundo material. Nós podemos sim escapar cortando as amarras do infindável karma por meio do serviço devocional contínuo, inflexível e determinado. Tal serviço irá sempre nos lembrar de nossa posição natural como servos eternos de Krsna, e este é o caminho positivo que pode nos conduzir de volta à Sua morada.

 

 

Tradução por Bhagavan dasa (DvS)

 

 

Originalmente publicado em Back to Godhead [Volta ao Supremo], revista fundada por Sua Divina Graça Srila Prabhupada no ano de 1944

 

Artigo referente à edição do bimestre de julho/agosto de 2008

 

Água: Uma Meditação

 

Water: A Meditation

 

por Urmila Devi Dasi

 

No Havaí, límpidas ondas azuis celestes batiam em meus joelhos enquanto uma tartaruga marinha multicolorida suavemente alimentava-se próxima de meus pés. É o encantamento da água que leva as pessoas àquele local pacífico e muito belo, como tantos lugares buscados pelas pessoas com o intento de relaxar e rejuvenescer. Muitos meses depois, em Londres, a dois oceanos do Havaí, alguns amigos me levaram para me exercitar em uma piscina coberta de água aquecida. Embora o clube esportivo carecesse de beleza e a água fosse repleta de produtos químicos, minha estadia na água foi, ainda assim, refrescante.

 

A água é uma das categorias da energia de Krsna, como descrito em escrituras como o Bhagavad-gita e o Brahma-samhita. Krsna sempre existe como uma pessoa transcendental, separado de Sua energia, enquanto que, ao mesmo tempo, Ele está presente nessa energia. Assim, embora a água não seja Krsna, Krsna é a água.

 

De que maneiras podemos apreciar Krsna na água? Ele é o sabor ou a essência da água, a qualidade que sacia a nossa sede e traz satisfação. Enquanto eu nadava na piscina de Londres, pensei na brandura ou liquidez da água. Uma das qualidades de Krsna é Sua suavidade. Seu corpo espiritual é tão suave que ele muda de cor onde é levemente tocado por uma folha. Seu corpo suave é um estímulo ao amor de Seus devotos por Ele.

 

As escrituras descrevem que o Senhor e Sua forma são idênticos. Assim, tanto Seu corpo quanto Seus sentimentos são suaves. Especialmente quando Krsna assume a disposição de Sua maior devota e aparece como o Senhor Caitanya, Seu coração derrete em compaixão por todos os seres vivos, e Ele concede gratuitamente amor a Deus sem considerar o mérito do candidato. Seu coração, portanto, é como manteiga ao fogo, suave e fluídico. A liquidez da água mostra-nos essa qualidade de fluidez e derretimento do amor e da doçura do Senhor.

 

A água também é poderosa, tão poderosa que seu rápido fluir pode prover toda a eletricidade de uma cidade, ou uma enorme onda pode causar grande destruição em um instante. O poder da água nos lembra que umas das opulências de Krsna é a força ilimitada. Ele cria, mantém e destrói incontáveis universos sem fazer qualquer esforço. Ele carrega planetas sobre Sua cabeça com tamanha indiferença que Ele quase não tem ciência do peso deles. Se todo o poder cinético em potencial de toda a água do mundo fosse combinado em uma gigantesca onda, ela não igualaria a menor fração da força de Krsna.

 

Essa natureza dúplice da água – suave, mas poderosa – lembra-nos como Krsna, cuja forma espiritual eterna é de um delicado rapaz de dezesseis anos, facilmente lutou contra musculosos demônios que estavam atormentando os cidadãos inocentes e os matou.

 

Passatempos na Água

 

Muitas das espirituais atividades transcendentais do Senhor se relacionam com a água. Quando Krsna cria o mundo material, Ele assume uma forma de tamanho incomensurável e Se deita em uma espécie de sono, em transe ióguico, em Sua encarnação como a serpente Sesa, que flutua sobre o vivente e espiritual oceano causal. Incontáveis universos, um dos quais nós agora habitamos, vêm do corpo do Senhor quando Ele exala.

 

Então, o Senhor entra em cada universo e cria a partir de Sua transpiração um oceano que preenche metade da fechada estrutura universal. Ele Se deita nessa água, e Sua consorte, a deusa da fortuna, massageia Seus pés.

 

O Senhor desfruta flutuar sobre esse oceano cósmico com Sua consorte. Porque cada um de nós é uma pequena parte do Senhor, temos Suas propensões em um grau diminuto. Assim, o desejo do homem comum de flutuar sobre um barco, uma balsa ou outro engenho similar com a pessoa amada vem do Supremo, a fonte de tudo.

 

Outro exemplo de passatempos de Krsna envolvendo água ocorreu no começo da história do universo. Na cosmologia Védica, os planetas são pessoas conscientes. A Terra, certa vez, caiu dentro da água universal quando pessoas demoníacas perturbaram sua órbita perfurando-a em busca de óleo e afetando seu equilíbrio. Seres celestiais, chamados devas, que controlam o universo a serviço de Krsna, queriam que a Terra fosse resgatada. Atendendo ao pedido deles, o Senhor veio salvá-la. Ele assumiu a forma de um esplêndido e gigantesco javali (Varaha), mergulhou no fundo do oceano universal, pegou a Terra e gentilmente a carregou sobre Suas presas até a superfície da água. Tendo-o feito, um grande demônio os desafiou. O Senhor Varaha então cuidadosamente colocou a temerosa Terra sobre a água e deu a ela a habilidade de flutuar. Uma luta entre o Senhor e o demônio se deu dentro do grande oceano. Após derrotar o demônio, o Senhor Varaha retornou ao céu espiritual.

 

Algumas vezes, uma enchente devasta o universo, e Krsna assume a forma de um peixe dourado e brinca na água. Amarrado ao chifre no centro de Sua cabeça está um barco transportando sábios, o conhecimento Védico e as sementes que repovoarão o mundo após o dilúvio. Durante este passatempo, Krsna desfruta tanto de Seu brincar na água como de Sua relação amorosa com os grandes sábios.

 

Krsna, em Sua forma original, frequentemente Se diverte na água com Seus amigos e Suas amadas. Para a realização de Seus passatempos aquáticos, Ele escolhe rios como o Ganges e o Yamuna, que também são deusas puras em amor a Ele. Krsna também brinca em lagos grandes e pequenos repletos de lótus e cisnes e rodeados por pavilhões enfeitados com pedras preciosas. Tais corpos d’água são pessoas, devotos Seus, vivos em amor e bem-aventurança.

 

Aguando a Planta de Nossa Devoção

 

Além de meditarmos em como a água nos lembra das qualidades e dos passatempos de Krsna, podemos aumentar nossa percepção dEle quando usamos a água em nossa vida cotidiana. Para a manutenção básica da saúde, por exemplo, precisamos de água limpa para bebermos e nos banharmos, e precisamos dela para limpar nossas roupas e nossa casa. Precisamos do sistema estabelecido por Krsna para o suprimento de água limpa através da evaporação e da chuva. No mínimo, devemos regularmente agradecer o Senhor por essas dádivas que mantêm vivos os nossos corpos. Além disso, devemos ser gratos pela água nos servir de ímpeto para a lembrança de Krsna, pois essa lembrança irá aumentar o nosso serviço e o nosso amor a Ele, aguando a planta de nossa devoção.

 

 

Tradução de Bhagavan dasa (DvS)

 

Ajudando os devotos a serem bem sucedidos

Por Akrura dasa

Bem Vindo!

Este é um e-book sobre orientação espiritual pessoal

Nosso serviço é ajudar os devotos de  Krishna a aprender e aplicar os ensinamentos do Bhagavad-Gita com entusiasmo e determinação, em vista de alcançar o máximo de sucesso espiritual nesta vida. Faremos isto:

Ø  Comunicando aos devotos seu valor e potencial, para que assim eles próprios possam ver isso claramente.

Ø  Ajudando os devotos para que sejam bem-sucedidos em descobrir soluções que venham exatamente ao encontro de suas necessidades.

Ø  Descobrindo com eles novas opções, oportunidades, possibilidades e vantagens.

Srila Bhaktishidantha Sarasvati escreveu no seu Amrita Vani (página 315)

“Aquele que dá instrução pessoal para todas as pessoas faz mais pelos outros do que os oradores fazem. Geralmente, o que quer que um orador diga não é capaz de resolver os problemas de todos que estão na audiência, nem pode ele ser capaz de sempre beneficiar cada indivíduo. Os defeitos de uma pessoa são melhores corrigidos numa aula tutorial privada ou num treinamento privado do que ouvindo palestras numa escola ou numa Universidade. Portanto, aqueles que instruem pessoas separadamente, em particular, podem conceder a elas algo mais permanente.”

Imagine alguém sentado na sua frente que esteja completamente dedicado ao seu sucesso em todas as áreas de sua vida. É disto que este livro trata.

Deixe-me fazer uma pergunta. Você já teve um professor, um líder, um amigo, ou um conselheiro que acreditava em você quando você nem conseguia acreditar em si mesmo? Alguém que ficou ao seu lado, independentemente? Não alguém que foi brando e permissivo, ou que se submeteu a você, mas alguém que nem se submeteu e nem desistiu de você. Nosso serviço aspira treinar muitos orientadores pessoais e também servir muitos devotos, oferecendo a eles cuidado e orientação pessoal.

Nosso serviço é amplamente inspirado por um verso do Bhagavad-Gita. Ele também é a base de um dos nossos lemas (“Toda alma é surpreendente!”).  Este é um slogan muito inspirador e nós o usamos muito freqüentemente na tentativa de convencer os devotos de que eles têm muito mais potencial do que pensam ou do que atualmente usam. Assim, aqui está o nosso verso, do segundo capítulo do Gita:

Alguns consideram a alma espantosa, outros descrevem-na como espantosa, e alguns ouvem dizer que ela é espantosa, enquanto outros, mesmo após ouvir sobre ela, não podem absolutamente compreendê-la. Bg 2.29

Nosso serviço é baseado no principio de que cada um de nós possui um potencial surpreendente que atualmente e desafortunadamente não está sendo totalmente utilizado. Este serviço irá ajudá-lo a liberar seu potencial para seu próprio beneficio e para o benefício das pessoas que estão em sua volta.

Por que nós precisamos de orientação pessoal? Aqui está uma pequena história que descreve porque precisamos de orientação pessoal e de boa associação e como isso pode nos ajudar:

Era uma vez um criador de galinhas que também era um apaixonado escalador de montanhas. Um dia, enquanto estava escalando uma montanha, ele encontrou um ninho com três ovos muito grandes. Eram ovos de águia. Ele começou a pensar: ”Será que devo pegar um dos ovos e mantê-lo em meu galinheiro? Será que devo fazer isto? Eu sei que é antiético, antiecológico e provavelmente ilegal.” Apesar destas dúvidas, ele tomou um dos ovos.

Ele, então, escalou até o topo da montanha, retornou e colocou este grande ovo no galinheiro. Depois de algum tempo, a galinha chocou o ovo e, assim, apareceu este frango muito singular. A galinha ficou muito orgulhosa porque esta pequena criatura era bem diferente de seus outros pintinhos. E a pequena águia começou a viver com as galinhas pensando ser ela também uma galinha. Muitos anos se passaram e um dia ela viu algo incrível no céu. Ela viu uma águia dourada. Enquanto olhava a águia, ela sentiu algo dentro de si. Ela perguntou a sua irmã galinha: “O que é isto? É tão maravilhoso, é poesia em movimento!”

A galinha respondeu: ”Oh, aquele é o rei dos pássaros, o rei dos céus. É uma águia dourada e nós não fazemos parte de sua vida. Nós nascemos para fazer o que estamos fazendo, ciscar em volta do quintal. Nós não podemos voar como ele; nós só podemos trapejar alguns metros aqui e ali. Ele voa muito elegantemente, alcançando alturas incríveis.”

A águia pensou “entendo, é assim que as coisas são”, e continuou vivendo como uma galinha. Infelizmente a pobre colega viveu e morreu como uma galinha. E ela viveu e morreu como uma galinha porque isto era tudo que ela pensava que fosse.

Assim, o que aprendemos com esta história? Se nós queremos continuar como uma “galinha”, podemos continuar nos associando com “galinhas”, pensando que somos uma galinha e então podemos também morrer como uma galinha. A orientação pessoal pode nos ajudar a nos tornarmos uma águia ou para usar outra metáfora – a nos tornarmos cisnes e não corvos!

É por isto que precisamos de orientação pessoal. Precisamos mudar completamente a maneira como vemos a nós mesmos e a maneira como agimos e a orientação pessoal nos ajudará com isto.

 

DO QUE SE TRATA A ORIENTAÇÃO PESSOAL?

 

A orientação pessoal é um processo que ajuda você a sair de onde está para ir até onde quer ir. É um processo de realização e melhoramento pessoal que nos ajuda a alcançar o que queremos num caminho consciente de Krishna.

Além de ajudá-lo a sair de onde está para onde quer ir, seu orientador pessoal te oferece apoio pessoal, estando comprometido com seu desenvolvimento e sucesso. Ele ou ela visualiza mais suas forças do que suas fraquezas. Um orientador pessoal não é cego. Ele pode ver que você possui alguns pontos confusos ou áreas não-desenvolvidas, porém, ele irá se focar mais em suas forças e terá elas como base.

Assim, ele o ajudará a esclarecer quem você é na sua vida, como se abrir as possibilidades, como focalizar-se no que você quer alcançar, como aprender novas formas para se fazer as coisas e como descobrir um novo valor e propósito na sua vida.

Um orientador pessoal irá questionar suas atuais idéias, suas atuais crenças e formas de pensar que impedem você de ir para frente. Essencialmente isto significa olhar para os obstáculos internos que estão no caminho do que você deseja alcançar. Ele irá ajudá-lo a ser mais auto-consciente e mais responsável, tomando 100% de responsabilidade sobre sua vida, ou melhor 108% de responsabilidade! Assim, ele irá ajudá-lo a liberar seu potencial.

Como falemos no início, nós possuímos muitos potenciais que não têm sido tão utilizados. De alguma maneira estão cobertos e, especialmente, nosso potencial espiritual não tem sido utilizado. Um orientador pessoal irá auxiliá-lo a descobrir e a eliminar padrões de pensamento e comportamento destrutivos em sua vida, num ambiente solidário, cuidadoso e inspirador.

Logo, a orientação pessoal é um processo simples, um processo que é feito para ajudá-lo a alcançar o sucesso.        

 

 

 

E O QUE É UM ORIENTADOR PESSOAL?

 

Nós podemos dizer que um orientador pessoal é seu parceiro de sucesso. Ele o ajuda a ser bem-sucedido em várias áreas que você escolhe. Pode ser na saúde, pode ser na prática espiritual, pode ser nos relacionamentos com outros devotos, com sua família, com autoridades, pode ser no seu serviço, sua carreira, suas finanças. Um orientador pessoal o apóia e encoraja seu crescimento profissional (se você é um profissional) e espiritual. Ele o ajuda a melhorar a sua qualidade de vida. Ele sugere caminhos para alcançar suas metas e o ajuda a pensar profundamente sobre o que você quer e como alcançar isto.

Seu orientador pessoal irá acreditar na sua habilidade em resolver seus próprios problemas e irá torná-lo altamente auto- confiante. Ele não será alguém a qual você dependerá de conselhos ou qualquer outra coisa que você queira fazer e alcançar. Ele o ajudará a se tornar forte e auto-responsável e a pensar profundamente sobre sua vida e o ajudará a tomar decisões responsáveis.

Outra coisa que um orientador pessoal faz é que ele mantém confidencial qualquer informação sobre você.

Ele não falará sobre você com os outros. Ele valorizará e honrará sua privacidade. Ele será muito reservado. Isto é muito importante.

Mais ainda, um orientador pessoal não irá impor a você as idéias dele. Ele o ajudará a usar sua iniciativa e criatividade para que assim você possa achar seu melhor caminho para avançar. Estas são algumas coisas que um orientador pessoal fará.

Para ser mais claro sobre o que um orientador pessoal é, deixe-me dá-lo algumas metáforas que descrevem um orientador pessoal. Em meus cursos eu sempre pergunto a minha audiência que metáfora melhor descreveria um orientador pessoal. Aqui estão algumas coisas que eles disseram: “Um orientador pessoal é como um guru ou um benquerente. Como um amigo, assessor ou mentor. Como a Superalma, Paramatma. Como um conselheiro ou um facilitador.”

Alguns pensam que ele está mais para um treinador ou orientador pessoal de um vencedor. Se você quer ser um vencedor você deve ter um treinador, alguém que irá ajudá-lo a alcançar grandes resultados ou resultados ainda maiores do que você já tenha alcançado. Algumas pessoas dizem que ele possui a visão de um pássaro ou de um alguém numa varanda, alguém que pode ver as coisas de cima.

Entretanto, alguns vão tão longe que comparam um orientador pessoal a um físico nuclear. Isto porque um físico nuclear é capaz de liberar muita energia a partir de uma pequena partícula como um átomo. Similarmente, todos nós somos pequenas pessoas, mas se temos alguém que nos ajude a liberar nosso potencial, podemos fazer coisas incríveis. Podemos ser capacitados.

Uma das melhores metáforas que eu já ouvi veio de uma orientadora pessoal do Brasil. Perguntaram a ela pela primeira vez qual metáfora descreveria melhor um orientador pessoal. Depois de pensar por uns minutos ela disse: “Obrigada por esta pergunta, eu nunca pensei nisso antes. Mas acho que um orientador pessoal é como um explorador de pirâmides.”

“Oh, por quê? O que é isto? Qual a conexão?” – eles perguntaram.

Ela disse, “Porque um explorador de pirâmides normalmente está explorando pirâmides, templos, procurando por um tesouro, procurando por diamantes. Ele está à procura de algumas antiguidades preciosas. Ele é aquele que está à procura de algo que seja maravilhoso, que seja o melhor.”

Similarmente, um orientador pessoal está sempre procurando pela melhor coisa que há em você, quais são suas forças, qual a melhor coisa que pode dar ao mundo, a sua família. Quais são as qualidades que podem te ajudar a se tornar extremamente bem sucedido espiritualmente, profissionalmente, em qualquer área?

Portanto esta metáfora é bastante significativa.

Se você quer se tornar um orientador pessoal ou se você quer que seu orientador pessoal o ajude de alguma maneira, você pode usar estas metáforas para esclarecer o papel de uma pessoa que irá ajudá-lo a ser bem-sucedido em qualquer área de sua vida.

 

 

 

 

O PROCESSO DE ORIENTAÇÃO PESSOAL

 

Como este processo funciona?

Logo que começamos uma orientação pessoal, embarcamos numa jornada juntos e minha intenção é ajudá-lo a ser o melhor que você pode ser, tanto espiritualmente quanto materialmente. Como seu orientador pessoal eu pensarei em você, falarei com você e trabalharei ao seu lado. Eu terei fé em você e em seu potencial. Também terei grandes expectativas sobre você. Eu desejarei o melhor. Eu verei em termos de seu potencial mais do que seu comportamento e atividades atuais.

Eu também o mostrarei que o obstáculo que o detém é a maneira como você vê a si mesmo. Portanto, nós trabalharemos explorando a maneira como você vê a si mesmo e como pode se ver de forma diferente. Eu irei ajudá-lo a ir além das dúvidas e dos medos que o travam. Mais ainda, irei ajudá-lo a desenvolver novas crenças que o ajudarão a liberar seu potencial. Nunca é tarde para mudar as crenças e os conceitos limitadores.

Esta jornada irá exigir de você coragem, determinação e compromisso. Em troca disto eu irei oferecê-lo meu total comprometimento. Se você escolher trabalhar comigo, dando os dinâmicos passos que nós descobriremos juntos, sua vida pode mudar de maneira muito positiva.

Às vezes você será desafiado. Eu exigirei motivação e esforço da sua parte. Naturalmente haverá momentos em que você sentirá vontade de desistir, porém, se você se mantiver firme no processo, sentirá uma sensação de avanço e conquista. Você terá uma sensação de apreciação sobre sua forma humana de vida de uma maneira nova e emocionante. Você sentirá a profunda satisfação que surge do ir além do que é fácil e confortável em direção aos sonhos e metas que trazem satisfação profunda verdadeira e avanço espiritual.

Meu prazer estará em apoiá-lo na crença sobre si mesmo como uma entidade viva eterna, para que assim você possa destrancar a porta de sua criatividade e de seu potencial. Eu estarei ao seu lado em cada passo que você der, induzindo-o e encorajando-o, mantendo-o forte quando você vacilar e celebrando suas vitórias. Como seu orientador pessoal eu trabalharei com você para que alcance a melhor vida possível.

Faremos assim:

Primeiro, eu acreditarei em você e demonstrarei isso levando a sério você e as questões de sua vida.

Segundo, eu o encorajarei a acreditar em sua bondade inata e em sua habilidade para servir Krishna e Suas partes e parcelas. Irei consistentemente alimentar sua fé para que assim ela cresça e prospere.

Terceiro, eu darei assistência a você sobre a definição de um plano de ação para a conquista de suas metas e desejos e o irei mantê-lo alinhado em direção a eles.

A orientação pessoal fará você vigorosamente mover-se para frente e irá exigir um comprometimento sincero e sério da sua parte. Eu irei esperar de você ação e não desculpas. Eu nunca decidi ver as pessoas as quais eu oriento como pessoas com problemas. Eu as vejo como pessoas saudáveis, fortes e capazes.

Minhas expectativas sobre você são grandes porque minha experiência mostra que quando espero o melhor de alguém, ele dá o melhor que tem e é desta maneira que eu estarei te orientado pessoalmente. Eu te darei tarefas, exercícios e desafios e pedirei a você que reserve um tempo para trabalhar neles.  Eu vou esperar que você os aceite.

Juntos nós examinaremos cada área de sua vida que você escolheu e observaremos no que você está trabalhando e no que não está trabalhando, para que assim possamos limpar o caminho até o que você deseja alcançar. Se estiver disposto a fazer sua parte e manter-se firme com a orientação pessoal, então você:

Ø  Desenvolverá determinação inquebrantável.

Ø  Aprenderá como eliminar as dúvidas e limitações que o prendem.

Ø  Tornar-se-á mentalmente bom e ágil.

Ø  Pensará como um otimista por natureza.

Ø  Terá expectativas de alcançar sucesso e lidará de forma efetiva com os contratempos.

Ø  Transformará seus desejos, sonhos e ambições em objetivos precisos.

Ø  Será motivado a tomar uma ação dinâmica.

Enquanto trabalhamos juntos, você alcançará força mental e flexibilidade, fazendo o seu melhor, competindo consigo mesmo em ultrapassar o melhor que tem e sendo feliz e entusiasmado por fazer isto. Quanto mais você cresce forte e determinado, mais será capaz de avançar em consciência de Krishna.

A orientação pessoal normalmente é feita baseando-se num modelo simples chamado GITA [1]:

G significa OBJETIVOS

O que você quer alcançar? Qual são seus objetivos?

I representa INSTRUÇÕES

Quais instruções espirituais o ajudarão a alcançar seus objetivos?

T significa TESTES

Quais são os obstáculos, tanto internos quanto externos?

A significa AÇÂO

Quais passos você está disposto a dar? Está pronto para fazer isso? Que preço você está disposto a pagar em vista de alcançar o que deseja?

Em cada uma das partes deste modelo, eu farei a você um certo número de perguntas motivadoras. Elas ajudarão a esclarecer o que você quer, a explorar possibilidades, a remover obstáculos e a focar-se numa ação inteligente, dinâmica. No final deste livro está uma versão mais compreensível deste modelo.

 

 

 

 

AS QUALIDADES DE UM ORIENTADOR PESSOAL

 

Vamos dar uma olhada em algumas qualidades de um orientador pessoal:

  1. Possui um interesse maior nas pessoas do que nas coisas.

Um orientador pessoal está mais interessado nas pessoas do que nas coisas e não está sendo motivado pelo ganho material. Se ele for motivado pelo ganho material, isto pode incorrer no risco de colocar suas próprias necessidades acima das necessidades dos devotos, o que é inaceitável.

  1. Possui um desejo genuíno de oferecer serviço as pessoas.

Cada devoto, ao entrar em contato com um orientador pessoal, demonstra uma necessidade em resolver alguma situação que está lhe preocupando. Um orientador pessoal deve ter um desejo e a habilidade para lidar com tais necessidades. Se ele não tiver esta atitude, não oferecerá um serviço apropriado para o devoto.

  1. Possui um interesse genuíno pelos outros

Um orientador pessoal deve ser hábil em focalizar-se exclusivamente no devoto. Tendências em pensar em si mesmo irão encorajá-lo a comparar a situação do devoto com sua própria situação. Focalizar-se no devoto irá permite com que se simpatize com ele e assim mostre interesse genuíno em sua vida.

  1. Possui a habilidade de equilibrar sua própria vida e deixar de lado seus próprios problemas e preocupações.

Um orientador pessoal desequilibrado e estressado com sua vida é incapaz de oferecer uma orientação pessoal exitosa. Suas questões pessoais irão desviar a atenção do foco das questões do devoto. Para guiar outros de maneira efetiva, deve-se chegar a cada sessão com a mente clara.

  1. Possui total compromisso com o sucesso do devoto

Isto é algo que pode ser desenvolvido com a prática. Com o passar do tempo o orientador pessoal irá se tornar melhor e melhor neste compromisso e sempre pensará em como os devotos que ele está guiando podem ser exitosos.

  1. É um excelente comunicador verbal

“O mais importante é como o homem em consciência de Krishna fala, pois a fala é a qualidade mais importante de qualquer pessoa.” BG 2.54 P

“... falar palavras verazes, agradáveis, benéficas e que não perturbam os outros e também regularmente recitar a literatura védica.” Bg 17.15

Todo o processo de orientação pessoal é baseado na comunicação verbal. Pesquisas têm mostrado que mais de 70% da comunicação normal eficiente se dá pela linguagem corporal, pela postura e pela expressão facial. Numa orientação pessoal por telefone, este elemento é eliminado, pois o que se é dito e como se é dito possui maior importância.

Para ser um orientador pessoal deve-se desenvolver a habilidade de dizer o que se quer dizer sem qualquer ambigüidade, com absoluta confiança e a persistência em repetir um ponto o tanto quanto seja necessário a fim de assegurar-se de que ele esteja bem claro.

A comunicação verbal é uma atividade bidirecional que envolve tanto ouvir, quanto falar. Quando se está orientando pessoalmente, deve-se ouvir pelo menos ¾ de uma sessão.

Se seus parceiros, família e amigos invariavelmente entendem o que você diz numa conversa normal, você já tem uma boa base sobre as habilidades da comunicação verbal. Se você é freqüentemente mal compreendido ou se as pessoas têm uma tendência a discutir com você, você precisará desenvolver suas habilidades nesta área.

Os devotos que você orienta irão esperar que você ofereça um excelente serviço, e uma forma com a qual eles o julgarão é através da linguagem que você usa. Evite usar linguagem familiar com eles enquanto permanecer amigável.  Fique atento com os perigos do uso de jargões ou gírias, já que isto pode alienar você do devoto que está guiando.

 

Exercício

Pense num certo número de conversas que você teve nos últimos dias com um colega ou amigo, seja face a face, por telefone ou por email. Escreva brevemente em que medida você foi entendido e qual atitude você tomou caso houve qualquer mal entendido.

  1. Confidencial

“... revelar a mente em confiança, inquirir confidencialmente,...”

Néctar da Instrução 4

Numa sessão de orientação pessoal qualquer coisa pode ser discutida. O devoto que você guia deve ter absoluta fé sobre sua confidencialidade caso ele tenha que falar sobre sua vida pessoal ou sobre questões que o preocupam. Apenas se tiver confiança em sua discrição, será então capaz de oferecê-lo informações detalhadas que você pode precisar para ajudá-lo a alcançar seus objetivos.

Se em qualquer momento você se sentir inseguro sobre se revela ou não qualquer informação sobre o devoto, não faça isso. Pense em como você se sentiria se uma informação confidencial sua fosse passada da mesma forma. Nunca pense que o devoto não vai se importar.

Isto significa que, por exemplo, você nunca falará nomes de devotos para qualquer outra terceira pessoa sem o consentimento deles e que você deve manter quaisquer anotações sobre as sessões de orientação pessoal muito bem guardadas. Se você mantém informações sobre os devotos num computador, assegure-se de que a informação esteja protegida por uma senha.

É importante que o que você diz ao devoto e o que você faz sejam condizentes. Por exemplo, não é bom dizer que você observa completa confidencialidade nas sessões de orientação pessoal e então usa exemplos de outros devotos na sessão. Suas ações devem condizer com suas palavras.

 

 

  1. Não seja julgador nem crítico

“... aquele cujo coração está completamente livre da propensão de criticar os outros.”

Néctar da instrução 5

A orientação pessoal significa saber onde o devoto que você está guiando se encontra agora e onde quer estar no futuro. A percepção dele sobre sua atual situação pode ser totalmente diferente da sua. Leve isso em consideração.

Como um orientador pessoal, é seu serviço encorajar e motivar o devoto que você guia a tomar atitudes que irão fazê-lo ir pra frente – de onde ele está para onde deseja ir. Para assumir este papel, você não deve ser julgador ou crítico, pois estes traços limitam mais o devoto que você guia do que o capacitam. Seu papel inclui ajudá-los a evoluir nos passos que estão dando e no progresso que estão fazendo, porém você não fará isto no lugar deles.

  1. Um explorador e um possibilitador de opções

“ para um devoto da Suprema Personalidade de Deus, tudo é possível...”

SB 5.1.35 P

Como um orientador pessoal você é um catalisador ou facilitador. Parte de seu papel é ajudar o devoto a pensar nele mesmo e a descobrir suas próprias soluções, às vezes com a ajuda de outras pessoas.

Como um orientador pessoal você facilita a descoberta de uma variedade de possíveis opções para o devoto que você guia. Estas podem também vir da sua própria compreensão sobre a situação dele, pois você está ciente das preocupações, das inquietações e dos medos diários dele, os quais podem estar limitando sua visão. Seu serviço é ajudá-lo a identificar todas as opções disponíveis, incluindo aquelas sugeridas por devotos ou outros, aquelas sugeridas por você mesmo e aquelas que o devoto pode estar escondendo ou está subconscientemente resistindo a elas.

Seu próximo passo será encorajar o devoto a selecionar por sua própria conta, a partir das opções que tem, uma ou mais opções que o farão crescer. Por deixar o devoto selecionar a opção, você está dando a ele o incentivo adicional que surge do fato de ter escolhido suas próprias rotas. Você está do lado dele para ajudá-lo a fazer as coisas, não para fazer as coisas por ele, para expandir horizontes e para oferecer a autonomia que nasce da liberdade de escolha.

  1. Compromisso

“ eu sempre tenho tempo para responder as cartas de almas sinceras porque minha vida é dedicada a servir a elas.”

Srila Prabhupada, carta a Christopher, Montreal, 13 de julho de 1968.

Um dos mais importantes princípios da orientação pessoal é:

Se você continua fazendo o que está fazendo, você continuará conseguindo o que está conseguindo.

Isto significa que o devoto que está numa situação que já não serve mais para seus propósitos deve mudar algo em vista de que os resultados mudem. Seu compromisso em encorajar tal mudança é primordial para seu sucesso como um orientador pessoal. Você encorajará o devoto que guia a definir as ações que o farão ir para frente e, então, a colocar elas em prática.

Você buscará no devoto que guia o comprometimento para tomar as atitudes necessárias e você estará comprometido em assegurar com firmeza amigável e encorajamento positivo de que ele irá tomar tais atitudes.

Aquele que não é invejoso, mas é um amigo bondoso para todas as entidades vivas, que não se considera proprietário e está livre do ego falso, que é equânime tanto na felicidade quanto na aflição, que é tolerante, sempre satisfeito, auto-controlado e ocupa-se em serviço devocional com determinação, tendo sua mente e inteligência fixas em Mim – semelhante devoto Me é muito querido

Bg 12. 13-14

 

 

A HISTÓRIA DA MANGA:

O COMPROMISSO DO ORIENTADOR PESSOAL

 

Deixe-me contar uma pequena história. Era uma vez um homem que gostava de comer mangas. Um dia ele decidiu conseguir a melhor manga que existisse. As mangas mais doces crescem nos topos das árvores. Assim ele decidiu subir bem alto e conseguir estas mangas mais vermelhas que estavam mais próximas ao sol, esperando que fossem as mais doces. Ele subiu até quase o topo da árvore e pegou algumas mangas, colocou-as em seu bolso e tentou descer. Enquanto descia, ele escorregou e começou a cair. Felizmente, ele conseguiu se segurar num galho, porém, continuou pendurado de tal forma que não conseguia descer.

Esta árvore era perto de uma vila, assim, ele começou a pedir ajuda aos moradores da vila. As pessoas vinham com varas, escadas e com toda a boa vontade para ajudá-lo, porém a posição era tão desajeitada que ele não conseguia descer.

Perto daquela vila havia um homem que era famoso em resolver os problemas alheios. Eles o chamavam de ‘ o homem sábio’ e pensaram que talvez ele pudesse ajudar.

“Nenhum de nós pode ajudar este homem, então vamos conseguir ajuda do homem sábio” – eles disseram.

Eles o chamaram. Ele veio e olhou rapidamente para o homem pendurado. Então, ele pegou uma pedra e jogou em cima do homem. O homem ficou irado. Ele disse “O Que Você está fazendo? Está louco? Você quer que eu caia?”

As pessoas olhavam para o homem sábio e perguntavam o que ele faria agora. Ele era famoso em resolver problemas irresolvíveis, às vezes de maneira incomum. Ele pegou outra pedra e jogou novamente no homem.

Agora o homem pendurado estava realmente nervoso: “Eu vou descer e vou pegar você!”

É claro que todos queriam que ele descesse, porém ele não podia. Agora as pessoas começaram a duvidar deste chamado homem sábio. Elas perguntavam entre si se deveriam pará-lo ou se ele estava ficando louco e queria que o homem quebrasse o pescoço. Ainda assim, esperaram enquanto desejavam saber o que aconteceria depois.

O homem sábio pegou outra pedra e jogou de novo no homem. Isto fez com que o homem que estava pendurado na árvore ficasse tão furioso, tão determinado a descer e dar uma lição no homem sábio que ele acabou realmente descendo! Ele se balançou um pouco e alcançou outro galho, se esticando e descendo.

O homem que há alguns segundos atrás estava pendurado, desceu e disse “Onde está o homem sábio?”

As pessoas disseram “Bem, ele foi embora, não está mais aqui. Por que ele esperaria para apanhar de você? Ele não seria sábio se esperasse por você. Será que você não percebeu que ele foi a única pessoa que te ajudou?”

“Oh, bem, isso é verdade” – o homem falou.

“Nós todos tivemos boa vontade, porém ele realmente o ajudou a ultrapassar seus limites e salvar a si mesmo”

Este é precisamente o compromisso do orientador pessoal. Ele às vezes irá fazer coisas que você não vai gostar, ou pedirá para que você vá além, ele o desafiará respeitosamente, porém você ficará feliz em perceber que é capaz de ultrapassar seus próprios limites. É desta forma que você irá crescer, avançar e realmente experimentar que você é capaz de ser mais do que é no momento.

Estas são algumas das principais qualidades de um orientador pessoal, há muito outras.

Exercício

Escreva quais outras qualidades você buscaria num orientador pessoal.  

 

 

 

 

CONSOLIDAÇÃO DAS METAS

 

“ O distúrbio deve-se a falta de um objetivo último, e quando alguém sabe que Krishna é o desfrutador, proprietário e amigo de todos, então é possível, com a mente estável, alcançar paz.” Bg 2.66 P

Trabalhar com os devotos na consolidação e conquista de suas metas é o conceito chave que vive no coração de um orientador pessoal. A base da vida do orientador pessoal é o reconhecimento por parte do devoto de que há uma necessidade de se mudar algum aspecto de sua vida.

No entanto, ao menos que o destino esteja bem claro na mente dele, a direção a qual ele tomará ainda não poderá ser definida. Uma vez que o destino e a direção sejam esclarecidos, isto é, quando a meta for consolidada, os meios para alcançá-la numa determinada escala de tempo podem ser estabelecidos, juntamente com a motivação que proverá o estímulo para isso.

Vamos conversar sobre metas dentro de um contexto de orientação pessoal. Cada série de sessões de orientação pessoal uniformemente espaçada e consecutiva pode ser vista como uma jornada que possui um propósito ou uma meta singular:

Ajudar o devoto a sair de onde está agora para onde deseja estar

Qualquer que seja a meta que você tenha que trabalhar, como um orientador pessoal, você deve se empenhar sobre esta definição do serviço. Nós sugerimos que você memorize esta declaração e a torne parte de sua declaração missionária de orientador pessoal. Esta simples declaração diz que a vida do orientador pessoal possui dois ingredientes principais:

1.      Ajudar o devoto a definir onde ele quer estar, ou seja, consolidar suas metas

2.      Ajudar o devoto a alcançar seu destino, ou seja, alcançar suas metas

Na orientação pessoal, a linguagem é muito importante. Vamos conversar sobre a linguagem positiva.

Todo o conceito de metas pode ser, de uma maneira ou outra, algo novo para você. Em particular, você pode não estar familiarizado com a linguagem usada e estar despreparado com a intensidade do processo.

No passado, a maioria de nós tentou uma forma de consolidação das metas que com mais freqüência ficou aquém de nossos objetivos. A demonstração mais comum deste fenômeno é a resolução de Ano Novo que sempre é esquecida uma semana depois. Quando consolidamos metas enfatizamos a importância das metas serem mensuráveis e detalhadas.

Como um orientador pessoal você aprenderá a se tornar mais consciente de seus próprios padrões de linguagem em relação as palavras e frases que possuem conotações positivas e negativas. Por exemplo, numa sessão de orientação pessoal você deve evitar palavras como ‘não pode’, ‘não poderia’, ‘não deveria’ e ‘não vá’. Cada vez que você se ver usando ou até pensando nisso nos encontros diários, considere como pode refazer suas declarações para formas como: ‘você pode’, ‘ você poderia’, ‘você deveria’ e ‘ você fará’.

Até o Bhagavad Gita menciona e sugere como usar a linguagem. No 17ª capitulo do Gita é dito:

Falar palavras agradáveis, benéficas, que não perturbem os outros, verazes e sempre recitar a literatura védica é a austeridade da fala.

A orientação pessoal envolve a fala, assim isto é algo altamente importante e favorável.

Exercício

Escreva um exemplo onde você tenha usado palavras negativas. Além disso, escreva refazendo a frase com declarações positivas que poderiam ser usados no lugar. Compartilhe com seus amigos, família ou colegas e veja quais compreensões você está obtendo com isto.

Em vista de fazer com que as metas e o processo de alcançá-las sejam efetivos, nós usamos um modelo de metas SMART (inteligente). SMART[2] é um acrônimo que significa Específico, Mensurável, Atrativo, Realista e Tempo limite.

Específico significa que as metas são claramente definidas.

Mensuráveis significa que são metas tangíveis, práticas, e quantificáveis.

Atrativas significa que elas são inspiradas por você.

Realistas significa que elas estão dentro de sua capacidade de influência.

Tempo Limite significa que elas possuem um tempo limite.

É muito importante escrever as metas. O ato de fisicamente escrever as metas num papel ou num computador reforça seu comprometimento em torná-las reais. Uma meta que não é escrita é considerada apenas um sonho. O único lugar onde os sonhos se tornam realidade é nos contos de fada.

Aqui está um estudo de caso. Os estudantes da Universidade de Yale foram inquiridos nos anos de 1950s e, após 20 anos, foram novamente questionados se haviam escritos suas metas. Na segunda pesquisa 3% dos estudantes eram financeiramente mais ricos do que os outros 97% combinados. Estes 3% possuíam também uma saúde melhor e melhores relações com outras pessoas.

Depois de observar todas as razões possíveis, a única diferença que os pesquisadores poderiam achar entre estes estudantes e o resto era que eles escreveram suas metas nos anos de 1950s e os outros não.

Exercício

Escolha uma meta de qualquer área de sua vida e a torne uma meta SMART.

 

O Bhagavad Gita Como Ele É em relação a metas

 

Logo, se a pessoa não for consciente de Krishna, sua mente não pode ter uma meta final. A perturbação deve-se a falta de um objetivo último, e quando se sabe que Krishna é o desfrutador, proprietário e amigo de todos e de tudo, então, é possível com a mente fixa, alcançar paz. Bg 2.66 P

Religião sem filosofia é sentimentalismo ou, às vezes, fanatismo, enquanto que filosofia sem religião é especulação mental. A meta última é Krishna, por isso os filósofos que estão também sinceramente procurando pela Verdade Absoluta ao final alcançam a consciência de Krishna. Bg 3.3 significado

A primeira svartha-gati, ou meta de interesse próprio, é alcançar Vishnu. A instituição do varna e ashrama foi desenhada para nos ajudar a alcançar esta meta da vida. Bg 3.7

Uma pessoa, portanto, que age para Krishna, ou em consciência de Krishna, sob orientação apropriada e sem se apegar ao resultado do trabalho certamente está fazendo progresso em direção a meta suprema da vida. Bg 3.19 significado

 

 

Retiro de Japa: A Cura Perfeita para o Auto-Negligenciamento

 

Japa Retreat: The Perfect Cure for Self-Neglect

 

por Karuna Dharini Devi Dasi

 

Devotos dedicam algum tempo longe de suas rotinas habituais e se focam na prática essencial do canto individual dos santos nomes.

 

Imagine-se de férias, longe das distrações de casa e do trabalho. Ar fresco, densas florestas e montanhas altas e azuis ao seu redor, e você tem a chance de estar com professores experientes para explorar o grandioso benefício espiritual do cantar do maha-mantra Hare Krsna.

 

Quando o despertador toca, você não é obrigado a se levantar para outro dia de trabalho; ao invés disso, você se levanta para ouvir um corrente rio de néctar partindo das bocas dos devotos que dedicam suas vidas ao doce cantar de Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Por meio do cantar, de discussões, exercícios interativos, agradáveis práticas em grupo e muitas trocas afetuosas entre os devotos, você é gentilmente conduzido em direção à perfeição do cantar.

 

Permitir-se deste modo é autocomplacência? Não. Nossas autoridades espirituais recomendam o ouvir e o cantar dos nomes de Krsna como o serviço mais importante que um devoto pode fazer. Cantar é a melhor maneira de meditar no Senhor e de sentir Sua presença. O maha-mantra é uma oração: “Senhor Krsna, por favor, ocupai-me em Vosso serviço devocional”. Contudo, nossas atarefadas vidas frequentemente negam-nos o tempo e a atmosfera apropriada de que precisamos para diminuirmos o ritmo e prestarmos atenção.

 

Todos precisam parar um pouco, ou tirar férias, de vez em quando, mas os devotos tendem a exigir mais do que a locação de um carro e a estadia em hotéis. Até mesmo uma viagem a lugares sagrados da Índia pode ser repleta de distrações. O Retiro de Japa, agora sendo conduzido por devotos da ISKCON em várias partes do mundo, oferece a oportunidade de se descansar e de se desenvolver a prática espiritual em uma localização bela e rodeada por montanhas, ou uma localização próxima ao mar, ou ainda em um local sagrado da Índia.

 

Retirando-se do Auto-Negligenciamento

 

Para aqueles que, como eu, cantam há anos e, ao mesmo tempo, mantêm hábitos lamentáveis, o Retiro de Japa é um modo de se presentear com um generoso gole do néctar dos santos nomes. Eu me peguei pensando: “Ah! Agora me lembro por que me tornei Hare Krsna!”.

 

O Retiro de Japa de que participei foi organizado pela agência da Bhagavat Life, uma organização prestadora de serviço criada por Purusa Sukta Dasa e Divyamabara Devi Dasi. (Adi Purusa Dasa, do VIHE, em Vrndavanda, também conduz retiros de japa). O desejo deles de organizar Retiros de Japa (este descrito neste artigo é o quinto nos Estados Unidos) vem da inspiração de Sua Santidade Sacinandana Svami. Tendo experienciado muitos insights acerca do cantar, Sacinandana Svami sugeriu a realização de retiros para o canto a fim revitalizar os devotos que gostariam de “retomar nossa verdadeira ocupação”.

 

No retiro que participei, Sacinandana Svami disse: “Nosso problema é que não desejamos entrar na luta da vida interna da boa japa [o cantar individual]. Mas, sem nos ocuparmos nesse empenho, sem considerarmos a japa como essencial para o nosso serviço a Krsna, outros serviços tendem a fracassar. À medida que avaliarem este retiro ao longo das semanas que o seguirão, vocês irão entender que vocês receberam muito mais do que esperavam para auxiliá-los rumo à meta do cantar efetivo”.

 

Recursos para um Melhor Cantar

 

Um de nossos professores no retiro foi Mahatma Dasa, de quem me lembro de San Diego como um treinador de novos devotos altamente qualificado. Ele pediu que déssemos uma nota de um a dez para a nossa japa, de horrenda a perfeita. Muitos de nós tivemos de nos pontuar como quatro ou cinco, níveis estes que ele disse significarem atentos o suficiente para permanecer boiando no néctar dos santos nomes. Estávamos cantando bem o bastante para permanecermos devotos do Senhor. Se a japa nota cinco podia nos dar isso tudo; como seria, então, se aumentássemos para um seis, ou, quem sabe, até mesmo um oito? Estaríamos prontos para a liberdade de toda a ansiedade material e para o serviço devocional puro resultante do doce e intenso cantar da japa?

 

Mahatma falou sobre vários recursos para a obtenção de um melhor relacionamento com os santos nomes, incluindo estar em um espaço sagrado e escrever textos de reflexões introspectivos.

 

O Espaço Sagrado e a Redação Devocional

 

Ele primeiramente descreveu como todo exitoso recitador do santo nome precisa de “um espaço sagrado”.. Para onde você vai quando começa a cantar? Devemos estar onde possamos dar as boas-vindas ao maha-mantra assim como daríamos a um convidado muitíssimo importante, com toda a atenção e respeito.

 

Alguns locais nos ajudam a ouvir o nome de Krsna, e outros não. Um templo, por exemplo, ou uma sala de templo na própria casa ou um jardim silencioso podem ser livres de distração. A sala de TV provavelmente não será.

 

Espaço sagrado tem muito a ver com programação. É difícil cantar em meio às atividades domésticas; programe sua japa, portanto, para um momento com o mínimo de distrações. As escrituras recomendam as primeiras horas da manhã, antes do sol nascer, como um momento especialmente tranqüilo. Se você puder cantar sob essa recomendação, isso também será de grande utilidade.

 

Talvez mais intrínseco é o espaço sagrado entre a própria boca e os próprios ouvidos, o caminho que o santo nome percorre. Menor do que um jardim ou uma sala, trata-se de uma rota direta para a própria alma. Nesse espaço sagrado, pode acontecer o derretimento do coração quando tentarmos ouvir o som de modo sério e humilde.

 

Outro recurso útil é escrever respostas a questões relevantes: Como o santo nome influenciou a minha vida? Como sou grato ao santo nome? Em que aspecto preciso aprimorar minha relação com o nome?

 

Um Mantra de Cada Vez

 

Narayani Devi Dasi, uma discípula de Prabhupada que serve nos templos de Sua Divina Graça na Índia já há muitos anos, apresentou-nos muitas reflexões úteis sobre o cantar do santo nome. Seu lema é “um mantra de cada vez”.

 

Após tentar repetidamente cantar com sinceridade um mantra de cada vez, eu me perguntei: será possível que eu canto voltas completas com 108 mantras sem ouvir sequer um deles? Será que regularmente permito que minha mente sabote a minha prática? Ela nos instou a apenas tentarmos ouvir atentamente um mantra de cada vez e tentarmos estar no presente. Cantamos juntos em uníssono. Como uma criança aprendendo a ler, senti-me recompensado pelo esforço.

 

Narayani conduziu-nos em uma análise da oração Siksastaka de Sri Caitanya Mahaprabhu. Cada um dos oito versos representa uma qualidade essencial do praticante do cantar: gratidão, lamentação, humildade, gosto, dependência, ânsia pela perfeição devocional, sentimento de separação e rendição completa. Fomos solicitados, então, a pensarmos em exemplos escriturais de grandes devotos que demonstraram essas várias qualidades.

 

Narayani orientou-nos em um exercício no qual ela pediu que visualizássemos nossa Deidade ou ilustração favorita de Krsna, e, juntos, cantássemos uma volta dedicada a Ele. Cantamos Seus nomes para Ele, cantando tão atentamente quanto possível. A meditação foi venturosa, visto que o foco era oferecer o som dos nomes para o prazer do santo nome – o Senhor supremamente belo de nossos corações.

 

Hatha Yoga?

 

Devotos adeptos à hatha-yoga explicaram como nosso aspecto fisiológico afeta o psicológico. Nossos movimentos e nossa conduta durante o dia tendem a dispersar a nossa energia; podemos, no entanto, canalizar essa energia para uma japa atenta. A fim de fazer isso, uma mente alerta e consciente deve preceder o cantar. Praticamos alguns exercícios e técnicas respiratórias antes do cantar. Os exercícios enfatizavam sentarmos com a coluna ereta, e a cabeça e o pescoço em uma boa posição para se cantar.

 

Uma respiração inapropriada durante o cantar da japa faz com que percamos o ritmo e bocejemos ou fiquemos com falta de ar. A prática de técnicas de pranayamas pode ser de boa valia.

 

Você Está Pronto para o Grande Choque de Sua Vida?

 

Yajna Purusa Dasa, um dos instrutores, disse-nos que ele canta sessenta e quatro voltas dos santos nomes de Krsna em suas contas toda segunda-feira para ajudá-lo a lidar com as demandas exigidas dele como presidente de templo. Uma das características do retiro era nós mesmos cantarmos sessenta e quatro voltas; ouvimos, então, o que ele tinha a dizer, sabendo que o nosso sucesso dependia disso. Ele descreveu como a mente está sempre ocupada em duas atividades: aceitar e rejeitar.

 

“Esse aceitar e rejeitar segue a fim de aplacar o ego. Em um humor de entrega do falso ego aos pés de lótus do Senhor, devemos dar à mente tola e patifa uma simples instrução: ‘Apenas tente ouvir um mantra’. E se você realmente conseguir ouvir um mantra, então se glorifique. E, não se esqueça, você está um passo mais próximo de se encontrar com Krsna, a Suprema Personalidade de Deus”.

 

“Você está pronto para se encontrar com Krsna? Você está pronto para o grande choque de sua vida? Quão doce e maravilhoso será! Se você realmente ouvir um mantra, isso será tão prazeroso que você não será capaz de esperar para ouvir e cantar o próximo!”.

 

“Se você der à patifa da mente a chance de ouvir os nomes de Krsna, ela dirá: ‘Nossa! O que foi isso?’. Por fim, chegaremos ao ponto em que o santo nome irá nos abraçar. Krsna irá nos agarrar e assumirá a direção. Tendo compreendido isso, talvez tenhamos que admitir que a japa talvez seja o aspecto mais negligenciado de nossa relação com Krsna”.

 

Mauna-vrata e o Cantar de Sessenta e Quatro Voltas

 

Com a chegada do terceiro dia de retiro, já havíamos ouvido os nossos professores e trabalhado bem um com os outros, compartilhando nossos pensamentos e desafios ao longo de vários exercícios. Havíamos desfrutado de muitos rios sagrados de aprazíveis bhajanas realizados por Bada Haridasa e pela banda Retiro de Japa. Havíamos nos entregado a uma apresentação de slides – um verdadeiro banquete de Krsna para os olhos – organizada por Dravida Dasa, apresentação esta que incluía a recitação de orações escriturais muitíssimo doces, as quais ele traduzira de forma poética. Havíamos desfrutado de conhecer muitos novos amigos devotos e havíamos comido até a nossa plena satisfação a krsna-prasadam de primeira classe amorosamente cozinhada por Apurva Dasa e por sua esposa, Kamalini. Sentíamo-nos bem por estarmos juntos como um grupo de esperançosos recitadores do santo nome. Estávamos tão prontos quanto poderíamos estar para o próximo seguimento do programa.

 

Juntos, todos os vinte e cinco que éramos, aceitamos um voto de completo silêncio (mauna-vrata) e começamos a cantar Hare Krsna, Hare Krsna, Krsna Krsna, Hare Hare/ Hare Rama, Hare Rama, Rama Rama, Hare Hare. Sentamo-nos em um círculo ao redor de uma bela plantinha de Tulasi em um vaso ornamental dourado. Cantamos lentamente em uníssono boa parte das primeiras voltas: uma sílaba de cada vez, um santo nome de cada vez, um mantra de cada vez. Não queríamos perder nada.

 

Repetidamente, fracassei em ouvir. Senti vontade de chorar. Por que tanto páthos se o nome é tão sublime? Por que a presença de fracasso após tantas instruções positivas?

 

Bem, a mente gosta de um drama, e a repetição aparentemente interminável de dezesseis palavras não parece algo muito dramático. Contudo, rejeitando decididamente as distrativas temáticas que a mente velha, patifa e tola gosta de oferecer, devemos continuar trazendo a nossa atenção de volta ao som, chamando pelo nome muito humilde e submissamente.

 

Srila Prabhupada escreve: “O santo nome do Senhor possui tal poderosa potência. Mas há uma qualidade para sua recitação também. Ela depende da qualidade do sentimento. Um homem desamparado pode proferir o santo nome do Senhor com grande sentimento, enquanto que um homem que profere o santo nome do Senhor em grande satisfação material não pode ser muito sincero”. (Srimad-Bhagavatam 1.8.26, Significado)

 

Rechacei minha mente com toda a força proveniente daquilo que eu havia aprendido durante o retiro, embora esse esforço tenha me levado a chorar. Entretanto, eu finalmente me lembrei de algo de que há muito me esquecera: O nome de Krsna é muitíssimo querido a mim. Quando cheguei a trigésima segunda volta próximo do meio-dia, sentia-me tão conectada e feliz que não me distraí com o almoço. Compreendi que eu não cantava apropriadamente há muito tempo, mas, agora, tornei-me fascinada pelo santo nome.

 

Reflexões

 

O dia seguinte ao dia do cantar de sessenta e quatro voltas foi dedicado a identificarmos o que havíamos acabado de aprender com aquilo. Os devotos se revezaram descrevendo os “picos e vales” de sua experiência extrema de um dia inteiro com o santo nome.

 

Um jovem Vaisnava, Anapayini, disse: “Quando eu estava cantando e tinha algum sentimento da presença de Krsna, eu entendia que Krsna sempre esteve ali. Ele nunca me deixa. Sou eu quem O deixa”.

 

“Para mim”, disse a discípula de Prabhupada, Mahamaya Dasi, “o resultado dessa concentração no santo nome é que, finalmente, após trinta e seis anos de japa mecânica, eu tenho algum desejo e alguma habilidade de me focar na audição de minha japa. Que grande diferença faz uma japa atenta! Isso era exatamente o que eu precisava para realmente fazer a diferença em meu cantar e ouvir”.

 

Cerimônia Sankalpa

 

Outro excelente recurso que nos foi dado foi criarmos uma “intenção interna” para o nosso cantar. Sem uma intenção desenvolvida em nossos corações, é menos provável o acontecimento de japa-yoga. Como uma última cerimônia do retiro, escrevemos nossa intenção interna a Sri Sri Gaura-Nitai. Foi uma carta fácil de se escrever, porque era baseada em todas as notas e exercícios e realizações dos quatro dias. Não seria possível que nos faltassem inspirações para escrevermos.

 

 Tradução de Bhagavan dasa (DvS) – Outros artigos disponíveis em www.devocionais.xpg.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A RELAÇÃO ENTRE O DEVOTO E O ORIENTADOR PESSOAL

 

“ deixe-me tornar um servo sincero dos devotos, pois por serví-los pode-se alcançar serviço devocional imotivado aos pés de lótus do Senhor.” (SB 3.7.19)

Néctar da devoção, Rendendo Serviço aos Devotos

Rapport [3]

Em vista de ser dotado de uma comunicação de alta qualidade e sessões de um-a-um bastante eficientes, você precisa estabelecer um rapport. Estas duas definições do dicionário acerca deste rapport irão nos ajudar a entendê-la um pouco mais:

1.       Uma relação harmoniosa e próxima, na qual há um entendimento comum.

2.      Um sentimento de entendimento e simpatia.

Dentro da relação de orientação pessoal, uma definição mais apropriada seria:

Entrar em sintonia com o devoto para que assim sua comunicação mútua seja totalmente exitosa.

A comunicação é uma via de mão dupla, do devoto para orientador pessoal e do orientador pessoal para o devoto. Estabelecer uma rapport baseia-se numa simples premissa: as pessoas gostam do que se parece com elas mesmas, assim, para estabelecer uma rapport você deve ser o mais parecido possível com a outra pessoa.

Isto não significa que você irá imitá-la, que irá abandonar sua própria personalidade ou que fingirá ser alguém que não é. Significa que você irá criar facilidades para que o outro devoto se relacione com você.

Uma vez que a rapport tenha sido estabelecida você estará em rapport. Este é um estado onde você e o devoto que guia possuem uma excelente compreensão mútua. Você dirá exatamente o que pensa e tudo o que você falar fará sentido. Você entenderá o que está sendo dito. Mais ainda, o devoto provavelmente será motivado a seguir quaisquer sugestões que você fizer, pois ele desejará satisfazê-lo.

Explore os seguintes questionamentos e veja o quão habilitado você está em se conectar neste momento em particular:

Ø  Para você é fácil conversar com estranhos?

Ø  As pessoas se voltam para você para pedir ajuda e conselhos?

Ø  As pessoas imediatamente entendem o que você diz, o que quer dizer?

Ø  As pessoas voluntariamente fazem o que você pede para elas fazerem?

Ø  Você possui um grande círculo de amigos?

Ø  Você possui um círculo ainda maior de conhecidos?

Ø  As pessoas prontamente aceitam suas idéias?

Ø  Você é capaz de tirar a cólera, a exaltação de um argumento?

Ø  Num encontro, você normalmente é convidado para contribuir com seus comentários?

 

Se você respondeu sim para mais metade destas perguntas, você possui um bom senso instintivo de rapport. Se você respondeu não para mais da metade das perguntas você precisa ter mais consciência da importância da rapport.

Quebrando a rapport

A quebra da rapport acontece quando você toma uma decisão consciente de parar ou interromper um diálogo ou discussão que esteja acontecendo no momento. Pode ser uma ferramenta útil para fazer com que o devoto volte a terra se ele continua com uma linha negativa de comentários e pensamentos ou se demonstra uma atitude de vítima, de auto-piedade. Quebrar a rapport é uma ferramenta poderosa e, portanto, perigosa. Pode ser usada para retomar o controle de uma sessão um-a-um quando todas as outras propostas foram exploradas. Portanto é um procedimento de última instância.

Os três tipos de pessoas sensoriais

Ao entender os devotos, fique atento de que há 3 tipos de pessoas sensoriais: auditivas, visuais e sinestésicas (sentido). Pessoas auditivas respondem mais prontamente ao que ouvem e freqüentemente criam conversas em suas mentes enquanto tomam decisões. “eu ouço o que você está dizendo”, elas dizem, ou “fale-me de novo”, ou “ eu entendi”. Pessoas visuais preferem pensar em diversas imagens: “Eu vejo o que você quer dizer”, “Eu tenho uma idéia disto”. Pessoas sinestésicas precisam tocar algo para ajudar em sua compreensão: “eu tenho lidado com isso” ou “eu fui muito tocado por isso”. A maioria de nós é uma mistura dos 3 tipos, porém a maioria das pessoas são predominantemente de um tipo.

Compreensão

Outro aspecto importante das relações entre o devoto e o orientador pessoal é ter uma compreensão clara. A falta de compreensão é provavelmente uma das principais causas do fim de relacionamentos. Há três métodos comumente preferidos que nós usamos para dar sentido ao nosso mundo.

Quando uma pessoal visual conversa com outra pessoa predominantemente visual, parece haver uma rapport instantânea e duradoura e parece haver um entendimento claro. O mesmo se aplica quando dois tipos auditivos ou sinestésicos estão conversando um com o outro.

Inversamente, uma pessoa visual numa conversa com uma pessoa auditiva ou sinestésica poderia experimentar dificuldade em estabelecer uma rapport, em sustentar um bom relacionamento ou em alcançar uma mesma compreensão.

Na orientação pessoal nós aplicamos o principio de igualar-e-liderar. Se você está pronto a receber as pessoas no lugar em que elas estão, você pode conduzí-las para qualquer lugar ou você pode ajudá-las a ir a qualquer direção. Como devotos, nós também levamos em consideração que as pessoas estão sob os vários modos da natureza. Nós devemos ser capazes de entender onde elas estão, em vista de conduzí-las para onde desejam ir.

        Como um orientador pessoal, é seu dever entender os diversos tipos de pessoas, a maneira a qual estão condicionadas e adaptar sua proposta o quanto for necessário. Outros fatores contribuintes para a compreensão são as habilidades de ouvir e questionar e estas serão tratadas em nossa próxima sessão.

Honestidade

A honestidade é um aspecto importante de todo relacionamento significante. Todos nós temos um conceito de honestidade quando se refere a vida diária – não roubar, devolver qualquer coisa que você tenha achado sem querer, entregar o valor em dinheiro, manter promessas, submissão as leis e regras, etc.

Neste relacionamento, em particular, a honestidade possui um significado mais amplo. Significa ser totalmente honesto consigo mesmo e ser totalmente honesto com o devoto que você guia.

Na consciência de Krishna, honestidade significa que você cumpre com suas crenças espirituais, com sua ética e com sua compreensão sobre o comportamento de um devoto.

Você pode ser capaz de fingir por um tempo, porém o devoto que você está auxiliando logo verá a verdade e se decepcionará. E isto irá destruir totalmente sua credibilidade como pessoa, como um devoto e como um orientador pessoal. Você deve guiar e servir pessoalmente de maneira verdadeira. Não é opcional, é indispensável.

Exercício

Reflita sobre seus padrões de crenças, ética e moral. Pense sobre sua rotina diária e anote as crenças e padrões que você utiliza do Bhagavad Gita Como Ele É para determinar seu curso de ação diário. Escreva brevemente porque você faz essas coisas e porque elas são importantes para você.

Isto é o que Prabhupada falou sobre honestidade em sua carta para Bhakta dasa em 1972:

“Se alguém está sempre agindo sob estes três fatos, conhecendo Krishna como o supremo proprietário, desfrutador e amigo, então ele é realmente honesto. Se ele não estiver agindo com este conhecimento, então sempre estará enganando ou sendo desonesto.”

 

Servidão

A relação do orientador pessoal com o devoto é que ele é um servo. Ele ajuda seus devotos a serem exitosos em suas áreas escolhidas, ajudando-os a descobrir soluções para seus problemas e estratégias para alcançar suas metas. Um orientador pessoal é como um professor, um líder, um amigo ou um conselheiro, que acredita em você quando você não acredita mais em si mesmo. Alguém que está sempre com você incondicionalmente, não alguém que é leve ou permissivo, que se submete a você, mas que não cede nem desiste de você. Um orientador pessoal  o vê em termos de seu potencial, não em termos de seu comportamento ou atuação presente.

 

Referências do Bhagavad Gita Como Ele É

Grandes devotos vêem Krishna como o reservatório de todos os relacionamentos. Nas escrituras há 12 tipos básicos de relacionamentos mencionados, e todos eles estão presentes em Krishna. É dito que Ele é o oceano de todos os relacionamentos reciprocados entre todas as entidades vivas, entre os deuses, entre o Supremo Senhor e Seus devotos. Bg 11.14 P

Alguém que trabalha com devoção, que é uma alma pura, e que controla sua mente e sentidos é querido por todos e todos lhe são queridos. Embora sempre trabalhe, tal homem nunca está enredado. Bg 5.7

Meu querido Arjuna, aquele que se engaja em Meu serviço devocional puro, livre de todas as contaminações das atividades fruitivas e da especulação mental, que trabalha para Mim, que faz de Mim a meta suprema de sua vida e que é amigo de todos os seres – certamente ele virá até Mim. Bg 11.55

 

 

 

 

 

 

HABILIDADES DE UM ORIENTADOR PESSOAL

“ Quanto mais você serve, mais você se torna capacitado em tudo.”

Srila Prabhupada, Carta a Gargamuni, São Francisco, 3 de fevereiro de 1967

Há muitas habilidades do orientador pessoal. Eu selecionei as quatro principais para começar. Elas são: ouvir, fazer perguntas, transformar problemas em oportunidades e promover a ação.

1.      Ouvir

O propósito de ouvir é capacitá-lo a compreender totalmente a sua situação e, através de seu entendimento, você possa dar a ele espaço para entender a si mesmo. Para focalizar-se totalmente no devoto, use cerca de ¾ do tempo da sessão ouvindo e ¼ conversando e sempre procure primeiro entender.

    Antes da sessão, limpe sua mente de todas as questões pessoais e crie um espaço para que você possa ser totalmente objetivo e totalmente focalizado nas necessidades do devoto. Encoraje o devoto a se expressar mais. Você pode interromper a conversa se ela estiver mudando de direção e para isso você pode usar a quebra da rapport que falamos anteriormente.

Exercício

Ouça uma pessoa da sua escolha por cerca de 3 minutos. Você não pode fazer qualquer som, ou dizer qualquer coisa, nem mexer sua cabeça ou fazer quaisquer outros sinais. Focalize-se totalmente em ouvir. Então repita sua compreensão acerca dos pontos-chave que ela fez. Pergunte a pessoa se ele ou ela está sendo bem compreendido por você. Então escreva suas compreensões sobre o assunto.

2.      Fazendo perguntas eficientes

O propósito de se fazer perguntas é levar o devoto a respostas que irão ajudá-lo a resolver a sua situação presente.

Aqui está uma história real. Na segunda guerra mundial um homem chamado Stanislavski Lech foi preso pelos alemães nazistas. Ele estava vivendo na Polônia, quando foi preso, tendo toda sua família assassinada bem diante dos seus olhos e sendo arrastado para um campo de concentração. Lá ele era forçado a trabalhar. Eles também faziam experimentos em seu corpo. Ele foi humilhado e torturado.

De alguma forma, ele não podia aceitar esta situação. Ele passou a pensar como poderia fugir dali. Assim, ele perguntava aos outros prisioneiros, “Vocês têm alguma idéia de como nós podemos sair daqui?”

Porém, ninguém estava muito esperançoso de que isso fosse possível. Eles falaram, “Não torture a si mesmo com isso, não torture sua mente. Apenas esqueça. É impossível.”

Ele não podia aceitar isso e continuou a fazer para si essa mesma pergunta, “Como eu posso sair daqui? Como eu posso sair daqui?”

As outras pessoas faziam diferentes perguntas em suas mentes, “Por que isto está acontecendo comigo? Por que estes Nazistas são tão cruéis e loucos? Por que Deus está fazendo isto comigo? Por que a vida está fazendo isto comigo?”

Stanislavsky era muito persistente em perguntar “Como eu posso sair daqui?” e assim, um dia, ele teve uma idéia. Ele viu os caminhões com os cadáveres das câmaras de gás, onde as pessoas eram mortas. Quando o crepúsculo chegou e ninguém estava olhando, ele tirou suas roupas e se misturou com os cadáveres. Ele permaneceu assim no caminhão e esperou. É claro que era desconfortável ficar com todos aqueles cadáveres. Alguns deles já estavam começando a se decompor. Mas ele era paciente e tinha esperança. Após algum tempo, o motorista chegou para levar os cadáveres para um local longe e descarregá-los num grande buraco. Os cadáveres foram descarregados e com eles nosso herói. Ele esperou pacientemente até que o caminhão fosse embora e quando não ouvia mais o som do caminhão ele se levantou e correu 25 milhas nu, em liberdade.

Assim, esta pergunta “como eu posso escapar?” salvou sua vida!

Pense no quanto a qualidade de sua vida poderia mudar se você mudasse as perguntas que faz para si durante todo o dia.

3.      Transformando problemas em oportunidades

“Ó Partha, felizes são os ksatriyas cuja as oportunidades a luta vêm espontaneamente, abrindo para eles as portas dos mundos celestiais.” Bg 2.32

Outra habilidade que um orientador pessoal deve desenvolver é a de transformas problemas em oportunidades. Um orientador pessoal deve ser um “perito em dar a volta por cima”, como dizem no mundo dos negócios. Estes são especialistas que ajudam empresas a darem completamente a volta por cima em suas crises, mudando para uma situação favorável ou são pessoas que ajudam indivíduos a fazer o mesmo.

Você pode questionar ao devoto que está ajudando: Qual a grande questão deste problema? O que você pode aprender com isto?

Um devoto pode ser convidado a se tornar um perito em resolver um problema particular que tenha. Ele pode aprender tudo o que puder sobre o assunto. Ele pode pedir para outras pessoas. Ele pode tentar coisas diferentes.

Pegue qualquer problema e pergunte a si mesmo – como eu posso transformar este problema numa oportunidade? Esta é uma oportunidade para quê?

4.      Promover a ação

“De fato, devemos estar engajados 24 horas em serviço a Krishna e tudo será feito de maneira muito boa e perfeita.”

Srila Prabhupada, carta a Adi-kesava, Bombaim 2 de janeiro de 1975.

A quarta habilidade-chave é promover a ação. Um orientador pessoal ajuda os devotos a serem exitosos em suas áreas de escolha ajudando-os a tomar atitudes para alcançar suas metas. A orientação pessoal é basicamente ação. Porém, para mudar seus resultados, os devotos precisam mudar a percepção que têm de si mesmos e do mundo em sua volta, precisam mudar seus pensamentos ou sua consciência.

Você pedirá ao devoto que esclareça que ação específica ele irá tomar e quando fará isso.

Você pedirá a ele que escreva isso.

Eu freqüentemente faço àqueles que oriento 3 perguntas:

1.      O que você quer?

2.      O que você fará em relação a isto?

3.      Quando?

Um orientador pessoal também conduz as pessoas de maneira responsável. Ele as esclarece sobre como estão se procedendo em relação aos seus pontos de ação.

Nossa ação é baseada no Bhagavad Gita Como Ele É e nos outros ensinamentos de Krishna. No capítulo 18 do Bhagavad Gita Como Ele É Krishna descreve os 5 fatores da ação. Assim, quando nós agimos nós levamos em consideração todos estes 5 fatores. Aqui está o verso que descreve isto:

“O local da ação, o corpo, o executor, os vários sentidos, as diferentes espécies de esforço e finalmente a Superalma; estes são os cinco fatores da ação. Qualquer ação boa ou ruim que um homem pratique com o corpo, a mente ou com a fala é causada por estes cinco fatores. Portanto, aquele que vê a si mesmo como o único executor, sem considerar os cinco fatores certamente não é muito inteligente e não pode ver as coisas como elas são.” Bg 18.14-16

No oitavo verso do sétimo capítulo, Krishna diz que ele é a habilidade no homem:

“Ó filho de Kunti, eu sou o sabor da água, a luz do Sol e da Lua, a sílaba OM nos mantras védicos. Eu sou o som no éter e a habilidade no homem.”

Assim, a ação é muito importante e os resultados, os grandes resultados, virão através de muitas pequenas ações. Se você faz um pouco aqui e ali, dia sim, dia não, estas ações irão se acumular e permitirão que você alcance grandes resultados.

Aqui vai uma história sobre um ovo que ilustra isto. Imagine que há uma manchete de jornal que diz assim:‘ Uma grande revelação, um pequena galinha saiu de um ovo! Isto é fantástico! Isto é um milagre!’ Porém, na verdade, apenas de um ponto de vista externo isto é algo milagroso. Por um período de tempo houve uma quebra da casca do ovo. O que ninguém viu foi todo o esforço que a pequena galinha estava fazendo para sair depois de tantos dias empurrando com suas asas e sua cabeça.

Similarmente, se nós queremos ter uma revelação na nossa vida, temos que fazer muitas pequenas atividades e esforços que então irão se acumular e trazer resultados.

Agora vamos dar uma olhada no modelo de orientação pessoal GITA com mais detalhes, como prometemos. Você pode usar este modelo para orientar outros devotos e também para guiar a si mesmo.

GITA significa Metas, Idéias, Testes e Ações

Metas

Nesta seção você fará a si mesmo estas perguntas:

Ø  O que você quer alcançar?

Ø  Qual a sua meta de longo período relacionada a esta questão?

Ø  Qual o seu cronograma?

Ø  Quais passos intermediários você pode identificar com seu cronograma?

Esclareça o que você quer escrevendo, fazendo as metas SMART e desta forma você saberá qual o alvo. Se você não sabe qual é o alvo, como poderá atirar?

 

Instruções

Ø  Como as instruções espirituais o ajudarão a alcançar seu propósito?

Ø  Quando e como você fará esta investigação?

Testes

Nesta seção de testes, você estará procurando por obstáculos, tanto internos quanto externos.

Ø  O que está te atrapalhando? Quais são os obstáculos que você precisa ultrapassar?

Ø  A quais testes você terá que passar? Que preço você terá que pagar?

Ø  Qual a sua situação presente em mais detalhes? Quais são suas preocupações em relação a isto?

Ø  Que outra pessoa é afetada por esta situação além de você?

Ø  Quais passos você já deu até agora? O que te impede de dar mais passos?

Ø  Quais obstáculos você terá ainda que ultrapassar neste caminho?

Ø  Quais obstáculos ou resistências internas você possui no momento de tomar uma atitude? Às vezes este é o maior problema.

Ø  Qual é realmente a questão, o núcleo central da questão ou o ponto de partida?

Assim, o processo de orientação pessoal, nesta fase, pede a você que encare os fatos e todos os obstáculos e desenvolva determinação para realmente ultrapassá-los com a ajuda de Krishna.

Ação

A última seção envolve escolher as opções de ação.

Ø  Que opções você quer escolher?

Ø  Como você saberá que será exitoso? Qual seu critério e medidas de sucesso?

Ø  Quando precisamente você começará e finalizará cada passo?

Ø  O que poderá surgir para impedir você de tomar estes passos e alcançar sua meta?

Ø  Que resistência pessoal você tem para dar cada um destes passos?

Ø  O que você fará para eliminar estes fatores internos/externos?

Ø  Quem mais precisa saber sobre quais são seus planos?

Ø  Que apoio você precisa e de quem? O que você fará para obter este apoio e quando fará isso?

Ø  O que eu poderia fazer para apoiá-lo? (“eu” significa seu orientador pessoal)

Ø  Uma pergunta muito importante: qual o seu comprometimento numa escala de 1 a 10 em tomar essas ações acordadas? Se sua pontuação não for 10 o que impede você de estar nesta pontuação? O que você pode fazer ou mudar para que seu comprometimento chegue a uma pontuação de 10?

Ø  Há mais alguma coisa que você precisa para continuar?

Como a orientação pessoal é basicamente ação, esta seção é o melhor resultado de todo o processo.

 

 

 

 

ASSISTÊNCIA MÚTUA

“...eles sentem grande satisfação e bem aventurança iluminando uns ao outros e conversando sobre Mim.” Bg 10.9

Exercício

Use o modelo GITA e pratique o processo. Consiga um amigo ou colega e faça estas perguntas do modelo GITA e faça uma orientação pessoal mútua, o que significa que durante meia hora você pessoalmente guia seu amigo e na outra meia hora ele guia você (se você explicá-los o processo eles podem também praticá-lo). Esta prática do modelo dará a você muitos esclarecimentos e eu gostaria que você escrevesse a respeito. Isto será de muito valioso para a compreensão do processo de orientação pessoal e para o maior desenvolvimento de suas habilidades como orientador pessoal. Você pode então discutir sobre isso com seu amigo e escrever a respeito ou pode discutir com seu mentor (caso tenha um). Desta forma você pode ganhar maravilhosos esclarecimentos sobre o que a orientação pessoal é e como ela pode ajudar você e os outros.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Parabéns!!

Você terminou o seu e-book.

Esperamos que ele tenha sido útil para você e que você se inspire a implementar as diferentes qualidades, habilidades e ferramentas. Nós demos a você as habilidades, os exercícios e algumas metáforas e histórias. Nós acreditamos totalmente que se você usar estes princípios e habilidades, elas podem mudar sua vida e as vidas das pessoas em sua volta de maneira maravilhosa.

Nós desejamos boa sorte e esperamos vê-lo em nossos cursos, workshops e sessões um-a-um!

Seu servo,

Akrura dasa

Gita Coaching

http://vedicilluminations.com/gitacoaching

http://gitacoaching.blogspot.com

Email: akrura@pamho.net

Skype: akrurad

Hare Krishna


 

[1] O significado das letras GITA são as palavras Goals (objetivos), Instructions (instruções), Tests (testes) e Action (ação).(N.T.)

[2] O significado das letras da palavra SMART são S de Specific (específico), M de Measurable (mensurável), A de Attractive (atrativo), R de Realistic (realista) e  T de Time-bound (tempo limite). (N.T.) 

[3] Rapport é uma palavra francesa que significa harmonia, confiança, segurança e compreensão (com os outros ou consigo mesmo).

 

 

 

PEQUENO DICIONÁRIO DE TERMOS VAISNAVA

Atma - O "eu". Pode referir-se ao corpo, à mente ou à alma.

Acharya - Mestre espiritual que ensina através do exemplo.

Arati - Cerimônia de adoração para o prazer de Sri Krishna.

Ashrama - (1) Domicílio para aquele que se ocupa estritamente na execução da vida espiritual, (2) designação para as quatro divisões de desenvolvimento do ciclo da vida humana.

Ashtanga-yoga - O caminho óctuplo da yoga.

Asura - O oposto de uma pessoa divina (sura). Uma pessoa demoníaca.

Avatara - Alguém que descende do mundo espiritual. Uma encarnação do Senhor.

Bhagavad-gita - A canção de Deus (bhagavan - Deus; gita - canção).

Bhaktivedanta - A meta (antah) de todo o conhecimento (veda) é o serviço devocional à Krishna (bhakti) ou "a conclusão dos vedas é bhakti ".

Bhajan - Adoração a Krishna por meio de uma canção, normalmente realizada sentado.

Bhakta - Um devoto.

Bhaktin - Uma devota.

Bhoga - Alimento ou comida preparada, antes de oferecê-la para o prazer de Krishna.

Brahmachari - Estudante celibatário ou monge (usa roupa cor açafrão).

Brahman - A irradiação espiritual da Suprema Personalidade de Deus, Krishna.

Brahmana - Um professor sacerdotal da vida espriritual.

Brahma-muhurta - Período auspicioso de aproximadamente 1 hora e meia antes do amanhecer, que é muito favorável para as práticas espirituais.

Charanamrita - O líquido nectáreo com o qual se banha as Deidades.

Dandavat - Reverências prostradas. Cair como uma vara (danda) no chão.

Darshan - (literalmente: "ver"). Quando o devoto está na frente do guru ou das Deidades e é visto por eles e abençoado com compreensão e avanço espiritual.

Dashavatara - As dez encarnações de passatempos do Senhor Krishna.

Deva - Semideus ou pessoa divina (literal " div "- brilhar, por isso " deva ", "iluminado").

Dharma - Religião. O que faz a índole de uma coisa ou de uma pessoa. Sanatana-dharma se refere ao dharma eterno da entidade viva, ou seja, o eterno servo de Deus.

Dhoti - A roupa inferior do corpo de um devoto.

Diksha - "Iniciação". A cerimônia formal da aceitação de um mestre espriritual como amigo e mestre vitalício. Nesta ocasião promete-se seguir até o fim da vida os 4 princípios regulativos e cantar pelo menos 16 voltas.

Ekadashi - Um dia especial para incrementar a lembrança em Krishna, e que acontece duas vezes ao mês (11 dias após a lua nova e 11 dias após a lua cheia). Neste dia jejuamos de todos os grãos e leguminosas.

Gayatri-mantra - O mantra que o devoto medita mentalmente após sua segunda iniciação.

Ghee - Manteiga purificada ou clarificada.

Gopi - A transcendental vaqueirinha que dá um exemplo máximo de devoção à Krishna.

Gopa - Amigo vaqueiro transcendental de Krishna.

Grihastha - Devoto casado (usa roupa branca).

Gunas - Os 3 modos do mundo material: sattva - bondade; rajas - paixão e tamas - ignorância.

Guru - Um mestre espiritual autêntico (literalmente guru significa "pesado", carregado com conhecimento espiritual.

Guru-kula - A "casa do guru " ou uma escola.

Hari nama - Canto congregacional dos santos nomes num lugar público em sankirtana em favor de todos os participantes.

Ista-goshthi - (Literalmente "falar sobre Krishna") Uma discussão entre devotos cuja meta é ajudar-se mutuamente no caminho da compreensão espiritual.

Jagad-guru - Guru de todo o mundo. Usado somente para Srila Prabhupada.

Japa - Recitação constante dos santos nomes do Senhor.

Jaya - "Todas as glórias!"

Jñana - Conhecimento.

Kala - Tempo eterno.

Kali - Deusa da energia material.

Kali-yuga - A era de desavenças.

Karma - (1) Atividade material baseada na regulamentação das escrituras. (2) Atividade para manutenção do corpo material. (3) Toda atividade material que provoca uma reação, e (4) reação material baseada em atividades fruitivas.

Karmi - Pessoa ocupada no processo acima na atividade fruitiva.

Karatalas - Pequenos címbalos de metal de sino (literalmente " kara " - mão, " tal " - sino).

Kirtana - Cantar o santo nome do Senhor.

Kurta - Camisa usada por devotos.

Lakshmi - A deusa da fortuna; ou dinheiro quando usado para Krishna.

Lila - Passatempos do Senhor e dos Seus devotos puros.

Mahaprabhu - Um nome de Sri Chaitanya, o mestre (prabhu) supremo (maha - grande).

Maha-prasadam - Prasadam oferecida diretamente às Deidades no altar.

Mangala - Auspicioso.

Mantra - Um hino ou som transcendental, que liberta a mente (" manah ") de (" trayate ") encobrimento material.

Maha-mantra - O mantra supremo, o mantra Hare Krishna.

Maya - A energia ilusória de Krishna, que leva as entidades vivas a esquecer o Senhor Supremo.

Mayapur - O lar transcendental (" dhama "), onde Sri Chaitanya apareceu e permanece eternamente.

Mayavadi - Impersonalistas ou nihilistas que crêm que Deus não tem forma e personalidade.

Mridanga - Tambor de dois lados com som muito doce e usado em kirtanas.

Mukti - Liberação.

Narayana - Um nome de Krishna na sua forma de quatro braços a qual preside o mundo espiritual.

Omkara - A sílaba sagrada " om " que representa Krishna e é recitado pelos transcendentalistas para atingir o Supremo ao executar sacrifícios, beneficiências e penitências.

Pandavas - Os cinco filhos do rei Pandu: Yudhishthira, Bhima, Arjuna, Nakula e Sahadeva.

Pañcatattva - As cinco verdades (Sri Chaitanya, Sri Nityananda, Sri Advaita, Sri Gadadhara e Srivasa)

Param Brahman - O Brahman Supremo, Krishna, a Suprema Personalidade de Deus.

Paramatma - A Superalma (param - o Supremo, atma - alma) o aspecto localizado do Senhor no coração de todos os seres vivos.

Parampara - Sucessão discipular, pela qual se transmite conhecimento espiritual.

Prabhu - "Mestre". Um devoto representa o mestre Supremo, Mahaprabhu e por isso responde pelo nome de prabhu, apesar dele se considerar o humilde servo dos outros. Os devotos referem-se entre si respeitosamente como " prabhus " e estão sempre prontos em trocar gentilizas entre si.

Prabhupada - (1) O mestre (prabhu), a cujos pés (pada) refugiam-se todos os outros mestres. (2) O mestre espiritual que assume a posição (pada) de representante do Senhor Supremo, e (3) Prabhu também significa "mestre dos sentidos" tal como svami.

Prajalpa - Conversa fútil e mundana, inútil para todos.

Prasadam - "Misericórdia", ou um conceito usado para comida ou qualquer objeto, oferecido primeiramente ao Senhor.

Prema - Amor verdadeiro por Deus.

Puja - Uma cerimônia para adoração do guru ou das Deidades, o executante chama-se pujari.

Radharani - Radharani é a potência interna de prazer de Krishna. Ela é a energia pessoal de Krishna e portanto não difere dEle. Seu nome deriva da palavra aradhana, "prestar adoração" - Ela é a melhor adoradora e devota de Krishna.

Rama - (1) O nome da Verdade Absoluta como fonte de prazer espiritual. (2) Encarnação do Senhor como um rei perfeito (Sri Ramacandra) e (3) Uma abreviação de "Balarama", um dos nomes do Senhor.

Rasa - Sabor, relação entre o Senhor Supremo e as entidades vivas.

Sadbuja - a forma de seis braços do Senhor Chaitanya.

Sadhu - Santo, devoto.

Samadhi - Absorção em consciência de Krishna.

Sankirtana - A glorificação congregacional do Senhor pelo canto, dança ou outro tipo, difundindo as górias do Senhor.

Sannyasi - Um mestre na ordem de vida renunciada, chamado reispeitosamente de "Maharaja".

Sari - A roupa das devotas.

Shastra - Escritura revelada.

Shikha - Um tradicional tufo de cabelo atrás da cabeça, que diferencia um vaishnava (adepto do personaliamo) de um adepto do impersonalismo (como por exemplo as cabeças raspadas dos monges budistas).

Shloka - Uma unidade de verso sânscrito.

Srimad-Bhagavatam - O livro que descreve as belas histórias da Suprema Personalidade de Deus.

Tapasya - Aceitar por vontade própria condições que talvez não sejam muito confortáveis para o corpo, mas favorecem a vida espiritual.

Tilaka - Uma argila especial de rios sagrados (como Yamuna e Ganges), que marca o corpo de um devoto como um templo de Deus.

Tridanda - A vara (danda) usada por um sannyasi, feita de três varas de bambú amarradas, caracterizando que o corpo, a mente e as palavras são dedicadas exclusivamente ao serviço do Senhor. A pequena ponta superior curvada da danda mostra que sua alma também é rendida à Sri Krishna.

Tridandi Sannyasi - um devoto que tomou a iniciação sannyasa dos vaishnavas.

Vasudeva - pai de Krishna.

Vasudeva - Sri Krishna, o filho de Vasudeva.

Vaishnava - Devoto de Vishnu (Deus).

Vedas - Escrituras que se originam de Deus (literalmente "veda" significa conhecimento).

Vijñana - A ciência do serviço devocional pela qual a gente se reconhece como eterno servo de Krishna (conhecimento realizado).

Vishnu - Um nome de Krishna como mantenedor dos mundos materiais.

Vrindavana - O local dos passatempos transcendentais de Sri Krishna, manifestados quando Ele estava presente na terra há cerca de 5.000 anos. Literalmente "floresta" (vana) de arbustres de Tulasi (vrinda).

Vyasasana - O assento (asana) de Vyasa ou do seu represenante.

Vyasadeva - O maior filósofo dos tempos antigos, que como encarnação autorizada do Senhor compilou as escrituras védicas.

Yajña - Sacrifício.

Yoga - União com o Senhor.

 

 

 

 

               

 

 

 

AS TRÊS GRANDES ONDAS DE SRI CAITANYA MAHAPRABHU NO BRASIL

(História do Movimento Hare Krsna no Brasil - por Vyasa Dasa)

Relato Histórico do Inicio do Vaisnavismo no Brasil em 1973, com A.C. Bhktivendanta Swami Prabhupada, e os demais momentos importantes que se seguiram com a continuidade evolutiva do Estabelecimento de Grandes Acaryas Vaisnavas, sendo Srila Sridhara Maharaja a partir de 1.980 e atualmente Srila Narayana Maharaja.

 

 

 

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