Gritem pelo direito de cantarem os Santos Nomes
Por Govardhana Dasa
Há
algum tempo venho percebendo entre devotos antigos e outros jovens, os sintomas
do maldito fanatismo. Muitos necessitam deste artifício para poderem manter
semivivas a chama de sua frágil fé.
Pela história as quais já presenciamos no passado, sabemos que tudo que fazemos
pelo erro seremos obrigados a nos defrontarmos com este mesmo erro no futuro.
Não necessitamos de deidades, de tulasi, de devotos, de escrituras, de guru, de
nada, somente precisamos de fé, e partindo desta fé, ai sim, da amizade e da
relação de confiança, surgirá à relação entre os devotos, depois partiremos para
as deidades, as tulasis, a prasada, as escrituras, e finalmente o guru.
O guru é a parte mais importante, à medida que se relaciona com seus discípulos
e se torna além de seu diksa, também seu instrutor (siksa). Porém, sabemos que
às vezes os gurus tem muitos discípulos, e passam para seus associados mais
próximos o dever de instruir seus novos pupilos. Cabe aos brahmanas este dever
de instrução. Tomar harinama-gayatri significa além de se preparar para cuidar
de deidades, também a missão mais nobre dentro de nossa sampradaya que é pregar
os Santos Nomes e cantar por onde passarmos, as Glórias da Suprema Personalidade
de Deus. Não podemos esquecer de nosso ideal, que é o serviço aos vaishnavas,
aos pés do guru e a Sri Chaitanya Maharaprabhu. Não queremos a forma, mas a
essência da alma, a beleza e o charme do serviço devocional, nunca esquecendo
que não há serviço devocional inferior, que não podemos vender ou comprar
serviço devocional, que não há regras para se cantar os Santos Nomes, que estar
rendido é não esquecer de nosso seva, não abandonar o nosso sadana, estudarmos
quando possível for as Escrituras Sagradas, servirmos sempre aos pés de lótus
dos vaishnavas que são como árvores dos desejos sempre prontos para nos abrigar.
Devemos sempre procurar andarmos com pessoas que pensem progressivamente, que
tenham a mente aberta para o novo, que tenham amor em seus corações, que
declarem abertamente suas amizades por vaishnavas sejam de qual escola for, que
não temam por serem excluídos quando falarem a verdade, pois aqueles que hoje os
excluem, são aqueles que no futuro estarão sozinhos em sua velhice, abandonados
e mal-amados por tudo que foram em suas vidas.
Gritem pelo direito de amarem-se, gritem pelo direito de serem felizes, gritem
pelo direito de cantarem os Santos Nomes, gritem pelo direito de terem direito,
e finalmente, gritem pelo direito de não mais ouvirem ofensas e apologia a
bandeiras separatistas, que só destroem a fé de sinceras almas, mas que por
serem frágeis, acabam sucumbindo as tantas ofensas praticadas.
Tememos o novo ao invés de aproveitá-lo como aliado, odiamos o que não
conseguimos entender, fazemos pouco caso de quem trabalha mais que nós, sentimos
inveja quando ao invés disto deveríamos estar orgulhosos de nossos irmãos quando
se sobressaem em seus serviços devocionais, ficamos ofendidos quando nos
oferecem ajuda para fazermos o nosso, pois desejamos os louros somente para nós,
e esquecemos que devemos inspirar aos outros irmãos a prática do seva. Tudo
muito errado, onde deveria estar muito certo, pois Srila Prabhupada Swami
Maharaj dizia que temos uma filosofia que conquistaria o mundo em 1 (um) mês se
espalhada no planeta corretamente. Porém nos falta amor, compreensão, aceitação
aos diferentes, respeito a todos os seres vivos, nutrição para a alma e para a
fé. Perdemos muito tempo, o qual não temos, para as injurias, para as ofensas,
e acabamos nos esquecendo de nossa real posição no mundo vaishnava e para que
realmente estamos aqui.
Podemos enganar aos outros durante um tempo mas não todo o tempo, e ao
cheita-guru não enganamos um só segundo, e é a Ele que daremos conta ao
abandonarmos nosso corpo, e a nossa consciência (para quem têm), também não
podemos enganar.
GOVARDHANA DASA - Rio de Janeiro 31/03/2003