Nitya Dharma
A eterna função da alma
Sri Srimad Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj
Sobre o autor
Srila Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj nasceu em Bihar (India), perto das margens do rio Ganges em 1921. Ainda jovem, renunciou a vida familiar e se rendeu completamente aos pés de lótus do seu mestre espiritual e ao serviço á Deus. Assim, ele aprendeu os profundos segredos do conhecimento espiritual.
Ele ensinou este profundo conhecimento transcendental por toda Índia por mais de 40 anos, e em 1996 ele iniciou sua pregação nos países ocidentais, transmitindo assim a sublime mensagem espiritual para todas as almas do mundo.
Ele traduziu mais de trinta livros sagrados, do Sanscrito e Bengali para o Hindi tradicional, iluminando-os também com seus próprios comentários.
Ele é o maior expoente da ancestral sabedoria Védica nesta era, e á ele foi dado o título de “Yuga Acarya” (O mestre espiritual desta era) devido á sua profunda realização e erudição transcendental.
Em uma avançada idade (88 anos atualmente), seu único interesse em viajar pelo globo, é o de despertar a latente consciência espiritual de quem se aproxima dele. Por sua misericórdia sem causa e seu inconcebível poder espiritual, ele vem iluminando as almas condicionadas do mundo material, acerca da sua real identidade, dando á elas a visão divina do plano transcendental. Assim, ele está distribuindo a maior forma de amor á Deus por todo mundo.
Prefácio
Este livro consta de leituras dadas pelo mais proeminente líder espiritual da Índia e um expoente do ConhecimentoVédico nesta era. Srila Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj apresenta aqui, aspectos importantes encontrados no livro Jaiva Dharma de Srila Bhaktivinoda Thakur, que também é um proeminente mestre espiritual que viveu no século 19.
Nestas leituras, Narayana Maharaj explica brevemente a natureza da alma, a eterna ocupação da alma, a temporária religião, os deveres ocupacionais praticados neste mundo, o objetivo supremo de todas as entidades vivas, e o mais importante, o processo para atingir este objetivo. Ele expõe como evidência, muitos diferentes textos das escrituras sagradas (Vedas), e muito expertamente extrai a essência de todo este conhecimento.
Esta leitura foi dada em Nova Déli no idioma nativo, o Hindi. Foi publicada primeiramente em Hindi na revista Bhagavat-Patrika e depois traduzida para o inglês e publicada na revista Rays of Harmonist, na edição do Gaura Purnima de 2003. Ele foi adaptado cuidadosamente visando facilitar os leitores que são novos na gramática Sanscrita e na linha Vaishnava.
Eu oro também á meu Divino Mestre, Om Visnupad Paramahamsa Parivrajakacarya Astottarasata Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayan Goswami Maharaj, para que ele fique satisfeito com meu intento de distribuir seus ensinamentos pelo mundo, e que ele me ilumine e me ajude a alcançar a eterna função da alma.
A história de Indra e Virochan
As palavras sanscrita nitya-dharma (eterna, intrísica função religiosa) automaticamente pressupõe um praticante desta função. Isto é devido á inseparável conexão entre a função religiosa por si só e o praticante. Temos o exemplo da inseparável relação entre a água e a liquidez ou entre o fogo e o calor.
Antes de considerar a não nascida religião, ou a inerente obrigação ocupacional de toda entidade viva, é essencial primeiramente refletir sobre a verdade fundamental das entidades vivas. Assim, vamos considerar primeiro qual é esta verdade “Eu”.
O Chandogya Upanishad narra a história do semi-deus Indra e Virochan pela qual o princípio fundamental da alma pode ser compreendido.
No começo da era dourada, milhões de anos atrás, o universo inteiro foi dividido em dois grupos. Os semi-deuses e os demônios. O líder dos demônios era o Rei Virochan e dos semi-deuses era o Rei Indra. Eles disputavam para conseguir felicidade e desfrute sem igual. Então, com uma postura invejosa e rancorosa um com o outro, eles aproximaram do pai do universo, Brahma, e perguntaram á ele como poderiam satisfazerem seus desejos.
Brahma disse: “Uma pessoa pode facilmente obter todo desfrute disponível em todos os mundos e pode satisfazer todos os desejos quando ela conhece a alma. Esta alma é livre de pecados, velhice, morte, lamentação, ira, e desejo, e ela é satya-sankalpa, isto é, todo seu esforço e resolução é completamente veraz e absoluto.”
Para realizar a alma, Indra e Virochan residiram com Brahma e praticaram celibato por trinta e dois anos. Eles então oraram para Brahma para lhes dizer a verdade sobre a alma.
Brahma disse: “Esta pessoa (o eu) que você está vendo agora com seus olhos é a alma, e ela é destemida e imortal.”
Eles então, pediram mais detalhes: “A alma é esta pessoa (o eu) que estamos vendo na água ou no espelho?” Brahma então disse para eles olharem para potes separados de terra cheios de água. Aí, ele perguntou de novo: “O que você vê?”. Olhando seus reflexos na água, eles disseram: “Ó Brahma, nós vemos toda a alma como ela realmente é, dos cabelos á cabeça e descendo até os tornozelos.”
Brahma pediu então que eles cortassem as unhas e os cabelos e se decorassem com ornamentos. Ele pediu á eles que olhassem de novo para dentro dos potes de barro. “O que vocês estão vendo agora?”.
“Estamos vendo estas duas pessoas nos reflexos, elas estão bem limpas e decoradas com lindas roupas e ornamentos, igual á que nós temos; elas se parecem perfeitamente conosco.
Brahma disse: “Isto é a alma e ela é destemida e imortal”.
Ouvindo isto, Indra e Virochan partiram muito satisfeitos internamente.
Chegando na residência dos demônios, Virochan, que agora havia entendido sobre o corpo, a alma e o objeto de adoração e serviço e declarou; “Ó demônios, aquele que adora seu corpo como sendo a alma atinge a perfeição neste mundo e nos mais elevados também. Todos seus desejos são satisfeitos e ele alcança muito prazer.
Mas Indra voltou á sua casa bem pensativo sobre o assunto: “Este corpo toma nascimento, morte, sofre transformações, está sujeito á doenças e tantas outra coisas. Como, então, pode o corpo ser a alma imortal, que é não nascida, não perecível, não tem perturbações ou medo?”.
No meio do caminho, Indra decidiu retornar á morada de Brahma e questionou sobre sua dúvida. Brahma então fez Indra viver outros trinta e dois anos em celibato e então disse á ele: “A pessoa que é compreendida ser o “eu” em um sonho é a alma, e ela é destemida e imortal”
Ouvindo isto, Indra deixou o lugar com o coração pacífico; mas após sua jornada de volta para casa ele de novo começou á refletir: “O corpo de uma pessoa pode estar doente, mesmo assim, no sonho, esta pessoa pode permanecer livre de doenças. Mas vamos supor que em um sonho, a pessoa identificada com si própria é atacada ou morta. Ele ainda sente medo e chora, e após acordar este “eu” continua existindo. Então, a forma vista no sonho não pode ser de fato a alma.”
Pensando assim, Indra retornou até o Senhor Brahma. Após praticar celibato por mais trinta e dois anos, Brahma o instruiu assim: “A alma cai no estado de sono profundo onde não há visão ou até mesmo a experiência do sonho”.
Mas assim como as outras vezes, Indra ficou pensando sobre as palavras de Brahma no seu caminho de volta.
“Ele pensou, na condição de sono profundo não o entendimento de quem a pessoa é, e também ninguém é percebido. Esta condição é então um tipo de aniquilação.”
Pensando assim, Indra retornou até Brahma de novo. Desta vez após praticar cinco anos de celibato, Brahma disse á ele : “Indra, o corpo físico, o qual está naturalmente sujeito á morte, é apenas a residência da alma. A alma é apegada ao corpo, assim como um cavalo ou touro permanece preso ao carro. Na realidade, é a pessoa quem tem desejos como “eu devo olhar” quem é a alma. Para isto, existem os sentidos, como os olhos. Ele que deseja “eu devo falar” na verdade é a alma, e para atuar com a fala existe a língua. Ele que deseja pensar é a alma, e a mente pensa para ele. Analisando neste contexto, fica claro que a alma possui três residências assim como o amendoim possui três elementos( a casca, a pele e o próprio amendoin)
As residências são:
1- O corpo grosseiro composto de cinco elementos grosseiros (ar, éter, água, fogo e terra)
2- O corpo sutil (mente, inteligência e falso ego), quem possui uma sombra de consciência
3- O corpo puro da alma, que é composto de três potências espirituais( sac-cit-ananda0 a existência pura e eterna, todo o conhecimento e completo êxtase espiritual.
Cada um desses corpos tem seu próprio dharma separados, uma função ocupacional.
O corpo grosseiro e o corpo sutil são ambos impermanentes. Então, suas respectivas funções são também temporárias. A alma, por outro lado, é eterna e sem fim. Este conceito é estabelecido por textos sagrados com os Vedas, Puranas, Upanisads (eterno conhecimento transcendental posto em textos sagrados, na India, há aproximadamente cinco mil anos atrás) Assim, a função da alma é sem dúvida uma função eterna, ou uma religião eterna. Isto é chamado também de Dharma Védico ou Bhagavat-dharma.
A verdade sobre a alma e a natureza adquirida
A palavra dharma deve ser compreendida. Ela vem da sílaba dhri, que significa dharana, “reter” ou “possuir”. Então, dharma significa ‘aquilo que é retido’.
A permanente natureza ou qualidade que é retida pela entidade viva é sua religião eterna, ou dharma. Quando, pelo desejo de Deus, qualquer entidade viva é criada, a natureza eterna da entidade viva também aparece evidentemente simultaneamente.
Esta natureza, ou qualidade, é a eterna ocupação da entidade viva, ou sua religião. Se depois acontece a transformação com a entidade viva, incidentalmente ou devido á qualquer conexão com outro objeto, então esta eterna natureza é transformada ou distorcida.
Gradualmente a distorcida natureza se torna estável e isto parece ser eterna e pura assim como sua natureza prévia. Mesmo assim esta transformação natural não é sua verdadeira natureza. Esta natureza é chamada de “natureza adquirida” (nisarga) e isto é temporário.
Esta natureza adquirida torna-se mais proeminente na real natureza da pessoa, e começa á reviver sua própria identidade como a real natureza. Água é uma substância da qual a natureza ou o dharma é a liquidez. Mas quando a água solidifica até chegar á virar gelo, sua natureza que era líquida se torna sólida. Esta qualidade de solidez veio á ser a natureza distorcida da água e agora atua no lugar da verdadeira natureza da água que é liquida.
Esta natureza distorcida, como tudo, não é permanente, é temporária. Devido ao fato da transformação ocorrer por alguma causa ou força, quando esta força é removida a natureza adquirida também é removida e a verdadeira natureza manifesta mais uma vez, assim como o gelo volta á ficar líquido quando é posto perto do fogo.
A natureza da alma infinitesimal
Para entender sobre a alma apropriadamente é essencial entender a verdade fundamental e a eterna natureza da alma. Com este conhecimento uma pessoa pode muito facilmente entender a eterna função e a temporária função das entidades vivas.
A palavra GOD em inglês significa – criador, mantenedor e aniquilador do universo, a origem de tudo e a causa de todas as causa, a indiferenciada Verdade Absoluta. Ele não é sem forma ou desprovido de qualidades. Na realidade ele possui uma forma transcendental. Ele é inconcebível possuidor de todo o poder e ele é a residência das seis opulências: beleza, fama, riqueza, força, conhecimento e renúncia.
Pela influência da sua inconcebível potência, quem faz o impossível se tornar possível, a Suprema Verdade Absoluta, Shri Krishna, manifesta em quatro aspectos como dito por Srila Jiva Goswamipada:
“A Verdade Absoluta é um só. Sua única característica é que ele está dotado com potência inconcebível, pela qual ele sempre manifesta em quatro aspectos:”.
- Sua forma pessoal original.
- Seu resplendor pessoal, incluindo sua residência e associados eternos, expansões e encaranações.
- A alma espiritual individual.
- A energia material.
Estas quatro características podem ser comparadas á:
- O interior do planeta sol.
- A superfície do globo solar.
- As partículas atômicas como os raios do sol, emanando da sua superfície.
- O remoto reflexo do sol.
Srila Jiva Goswami diz que se comparamos Krsna, a entidade toda consciente ao sol, então a alma espiritual individual pode ser comparada á partícula de luz localizada nos raios do sol.
Os raios do sol não pode ser independente do planeta sol, também não podemos considerar um raio isolado, ser o sol mas sim parte do sol. Da mesma forma, a consciente alma infinitesimal e espiritual que é comparada ás partículas atômicas de luz nos raios do sol, não pode ser independente de Deus, pois são partes dele. Também não pode-se considerar uma alma como sendo Deus, e sim uma infinitesimal parte e parcela dele.
O Bhagavad Gita (15.7) descreve a eterna identidade da alma individual:
As eternas almas individuais neste mundo material são certamente minhas partes e parcelas.
O Brihadaranyaka Upanishad (2.1.20) diz:
Inumeráveis almas emanam da Suprema entidade assim como faíscas emanam do fogo.
O Shvetasvatara Upanishad declara:
A pessoa deve saber que a alma é do tamanho da décima milhonésima parte de um fio de cabelo.
No Caitanya caritamrta (Madhya-lila 20.109) também é dito:
...... como uma partícula molecular do brilho do sol ou do fogo.
Estas afirmações Védicas confirmam que a alma é uma parte separada da transformação da potência marginal de Deus.
O Shvetasvatara Upanishad (6.8) diz:
Sozinha, a Suprema potência de Deus manifesta-se como numerosas potências (saktis), das quais três são proeminentes, são elas:
- A potência interna (cit-sakti) de Deus pela qual seus transcendentais passatempos manifestam nos planetas espirituais.
- As almas (jivas)
- A manifestação material temporária (maya)
Pelo desejo de Deus, a potência marginal de Deus, que se encontra entre a potência espiritual e a material, manifesta inumeráveis e insignificantes almas conscientes. Estas almas são entidades espirituais por natureza e são livres para escolher entre o mundo espiritual e o material. Por esta razão sua potência é conhecida como potência marginal, e as almas própriamente ditas são conhecidas como “ almas que são neutras por natureza.”
A relação entre Deus e a entidade viva
Há um aforismo no Vedanta –sutra: shakti-shaktimator abhedah, que significa “Krishna (Deus) e a potência de Krishna são não diferentes um do outro.” Então, Krishna e a transformação da sua potência, as almas, ou entidades vivas, são também não diferentes uma da outra.
Mas isto é apenas do ponto de vista de existirem como entidades conscientes espirituais.
Krishna, é a entidade completamente consciente e o mestre da potência ilusória material (maya) que é a potência externa de Deus e que influencia todas as entidades vivas á caeitar o falso ego de ser desfrutadores independentes neste mundo material, enquanto as almas são automaticamente conscientes. Devido á sua natureza marginal, as almas podem ser iludidas até mesmo no estágio puro de entidades conscientes.
Krishna é o possuídor de todo o poder e as almas são desprovidas de poder. Assim sendo, há uma eterna diferença entre Krishna e as almas condicionadas.
Do ponto de vista filosófico esta diferença e não diferença está além da compreensão humana, assim isto é chamado de doutrina da inconcebível diferença e não diferença. Sri Krishna Caitanya Mahaprabhu, o próprio Deus, harmonizou completamente a contextual doutrina Védica, com as já existentes filosofias dos Vaishnavas Acaryas Gurus prévios. Ele pegou as doutrinas de Sri ramanuja Acharya, Sri Madhvacharya, Sri Visnuswami e Sri Nimbaditya Acarya e revelou sua síntese; a doutrina da inconcebível igualdade e diferença simultânea, a qual é universal e absolutamente incompreensível.
Deus é a origem de todas as expansões e as almas são partes e parcelas separadas de Deus. Deus (Krsna) atrai e as almas são atraidas. Krishna é o objeto de serviço e as entidades vivas são quem fazem o serviço. Serviço para a aocmpleta entidade consciente, Sri Krishna, é a real natureza da consciente alma atômica.
Tal serviço é a religião do amor á Deus. Este serviço á Deus, amor á Deus, é a eterna função da alma.
Mas se esta alma, que é marginal por natureza, e que é atomicamente consciente, se torna aversa ao serviço á Deus, então a potência ilusória de Krsna (maya) encobre a pura alma atômica com a concepção de que está relacionada com o corpo e com a mente. Maya então causa o sofrimento habitual de tais almas que perubulam assim por oito milhões e quatrocentas mil espécies de vida; animais, plantas, demônios, semi-deuses etc...
Quando as almas se voltam ao serviço de Deus (Krishna) elas são aliviadas de seus corpos dado pela natureza material. Se elas esuqcem desta sua inclinação de servir Deus, elas então continuam sofrendo das três misérias; as que são causadas pela própria mente e pelo corpo, por outras entidades vivas, e pela natureza material.
Nesta hora a forma pura e espiritual da alma é coberta pelas armadilhas da da ilusão material, e sua Nitya dharma, eterna natureza, é também coberta, ou pervertida. Esta perversão da natureza é a função ocasional da alma, assim como a água se torna sólida quando se transforma em gelo.
Esta religião temporária é de muitos tipos, de acordo com o tempo, lugar e recipiente.
Divisões do Dharma
Todas as variedades de Dharma (dever ocupacional) neste mundo pode ser dividido em três categorias gerais.
- Dharma impermanente, que não se aceita a existência de Deus e a eternidade da alma.
- Dharma circunstancial, que se aceita a eternidade de Deus e das almas, mas apenas prescreve-se o temporário meio para alcançar a misericórdia de Deus.
- O eterno (Nitya) Dharma, que almeja-se o amor puro e serviço á Deus.
Religião eterna é uma só, não duas ou mais. Diferentes países, classes, raças e línguas identifica isto por diferentes nomes; mas eles não podem mudar a função constitucional inerente da alma. O amor espiritual inalduterado que a alma infinitesimal (jiva) tem pela entidade infinita (Deus) é a única religião eterna de todas as entidades vivas. Esta é a suprema ocupação de todas as almas.
Na Índia esta função inerente é chamada de Vaishnava Dharma. Vaishnava Dharma é eterno e mais elevado ideal da religião. Na prática das obrigações ocasionais prescritas não há direta execução da eterna religião e difícilmente atua indiretamente. Então ela é de pouco uso.
Os processos que visam uma religião temporária são desprovidos da eterna ocupação da alma, e são descritas como a função dos animais. Elas devem ser rejeitadas.
O Hitopadesha (25) declara:
Os seres humanos são iguais aos animais em atividades tais como comer, dormir, temer e acazalar. Ainda sim a qualidade da religião encontra-se apenas nas entidades vivas. Sem vida espiritual, seres humanos não são melhores que os animais.
Esta religião na qual a natureza da alma não é cultivad; na qual todo esfôrço é feito para aumentar os prazeres tais como comer, dormir, acazalar e defender-se; e na qual o desfrute de objetos sensuais temporários é conhecido como o principal objetivo da vida humana, é a religião, ou ocupação, dos animais.
Esta assim chamada religião, torna impossível á entidade viva, obter a felicidade pura que é o único objetivo da vida humana.
No Srimad Bhagavatam (11.3.18)se diz:
Todo homem neste mundo está inclinado á fazer karma com a proposta de vim á ser liberado da insatisfação e obter felicidade, mas vemos que o resultado é justamente o oposto. Em outras palavras, lamentação não é dissolvida e felicidade não é obtida.
Por esta razão o Srimad Bhagavatam (11.9.29) dá a mais elevada instrução para todas as pessoas do mundo:
Após perambular pelas 8.400.000 espécies de vida, a pessoa obtém a rara forma humana de vida, na qual, mesmo que temporariamente, tem a oportunidade de obter a mais elevada perfeição da vida. Então, a sóbria forma humana, deve ser usada com objetivo de obter o fim último da vida, sem perder um momento sequer, enquanto estiver em seu corpo que ainda não morreu.
Algumas pessoas aceitam atividades kármicas, outras aceitam o conhecimento do aspecto impessoal de Deus para obter liberação, enquanto outras aceitam meditação(yoga) para obter a prosperidade última.
Mas tudo isto é refutado no Srimad Bhagavatam (1.5.12):
Ó Uddhava, meditação(yoga), o caminho do conhecimento envolvendo análises do espírito e matéria(sankhya), estudo dos Vedas, austeridade e fazer caridade não podem me dominar como a prática de bhakti, a intensa devoção unicamente á mim.
O significado deste verso é que a devoção pura á Deus é o único meio pelo qual a pessoa pode obter seu benefício último. Esta instrução também é dada nos srutis:
É bhakti(devoção) quem revela Deus á alma. Esta Suprema Pessoa é controlada apenas por este tipo de devoção.
Assim sendo, bhakti, ou devoção pura, é superior á todos os outros processo e práticas e é a eterna religião da alma.
Natureza e ciência da devoção transcendental
Qual é a forma da devoção e do amor puro? O Sandilya-sutra diz; “Devoção pura é o apego supremo, ou seja, amor á Deus. Desde que isto tem a propensão de controlar o controlador supremo, esta natureza é imortal.”
Srila Rupa Goswami descreve no Bhakti rasamrta sindhu(1.1.11) a intrísica natureza de bhakti assim:
O serviço devocional puro, é o cultivo de atividades que que visam exclusivamente o prazer do Supremo e original deus, Sri Krsna, em outras palavras, o ininterrupto fluxo do serviço á Deus feito através de todo esfôrço corporal, mental e verbal, e através da expressão de vários sentimentos espirituais. Tal serviço não é coberto pelo conhecimento, ações fruitivas, liberação impessoal, meditação ou austeridades; i também é completamente livre de todos os desejos separados que não seja o desejo de dar felicidade ao Deus Supremo.
Tal devoção, tem dois estágios: 1- estágio de prática, 2- estágio de perfeição.
O amor eternamente perfeito á Krsna é chamado de prema-bhakti, e esta é a única eterna religião da alma.
Esta devoção no estágio de perfeição, permanece coberta nas almas que caíram no materialismo. Quando a pessoa está coberta e deseja reviver este amor á Deus, ela começa a prática da devoção através dos sentidos. Esta prática de devoção é também a religião eterna, mesmo que no estágio imaturo, enquanto que a devoção no estágio de perfeição é totalmente matura e é o estágio máximo da religião eterna.
Então, a religião eterna é uma, e tem dois estágios:
- Devoção regulada (vaidhi-bhakti)
- Devoção espontânea (Raganuga bhakti)
Até que a devoção espontânea e gosto não apareça no coração do praticante, ele segue as atividades regulativas das escrituras védicas e assim engaja em bhakti.
Por outro lado, quem está engajado na prática da devoção espontânea e o gosto aterriza em seu coração, ele sem observar as regras e regulações das escrituras, se torna completamente ansioso por obter os sentimentos dos eternos associados de Deus em Vraja, o plano espiritual mais alto, que possuem amor e devoção máxima por Krishna. Assim, tal praticante segue os passos dos eternos asssociados de Deus
As glórias do Sankirtan, o cantar dos santos nomes
No geral existem sessenta quatro ramos desta prática devocional. Após tomar refúgio nos pés de lótus do mestre espiritual, quem é auto realizado e livre de todas as impurezas do coração, os ramos mais proeminentes são:
1- ouvir, 2- cantar, 3- lembrar dos nomes, formas, qualidades, passatempos, caráter e atributos de Deus, 4- servir seus pés de lótus, 5- oferecer orações, 6- adora-lo, 7 render-lhe serviço , 8- fazer amizade com Ele e 9- oferecer-se completamente de corpo e alma ao Senhor Supremo.
Dos sessenta e quatro ramos da devoção, as nove mencionadas são proeminentes. Destas nove, ouvir, cantar e lembrar são as principais, e destas três, cantar seu transcendental nome é suprema. Todos os ramos de bhakti(devoção) estão totalmente incluídas no cantar dos santos nomes de Deus.
De acordo com a fundamental verdade filosófica, Deus e seus nomes são não diferentes um do outro. As glórias dos transcendentais nomes de Deus são profusamente falada nos sagrados textos da Índia. Especialmente nesta era de desavenças e duplicidade, o cantar dos santos nomes de Deus é a única religião, ou, refúgio.
O Brihad-naradiya Purana diz:
Nesta férrea era de disputas e duplicidade, a era de Kali, o único processo de liberação é cantar os nomes de Deus, os nomes de Deus, os nomes de Deus. Não há outra maneira. Não há outra maneira. Não há outra maneira.
O desenvolvimento de bhakti. Começando pela fé até o amor puro á Deus.
O caminho progressivo do cultivo da eterna religião é revelado por Srila Rupa Goswamipad. Esta sequência foi dada no livro Bhakti Rasamrta Sindhu (4.11):
- Fé: Fé com devoção entrará no coração daquela pessoa muito afortunada que acumulou os resultados das atividades piedosas praticadas em muitas vidas passadas.
- Associação com santos transcendentais: Depois ela obtem a associação de santos vaishnavas e o mais importante, obtem a associação com um mestre espiritual auto realizado, que está transcendentalmente situado e livre de todas as faltas e impurezas do coração. O mestre espiritual da á ela hari nam, a poderosa e sagrada vibração dos santos nomes de Deus. Por cantar hari-nama regularmente, o mestre espiritual manifesta o divino conhecimento trascendental no coração do estudante.
- Práticas espirituais e meditações: Sob a guia de santos empoderados, a pessoa então começa sua prática espiritual de serviço devocional tais como ouvir, cantar e lembrar dos nomes, qualidades formas e passatempos de Deus.
- Destruição de todos os nossos desejos e impurezas do coração. Como resulatdo de praticar tais práticas devocionais, todos os indesejáveis desejos e impurezas do coração que atrasam nosso avanço no caminho da devoção, são destruídos.
- Fé firme em praticas espirituais. Então, a pessoa obtem firme fé e se ocupa constantemente nas práticas devocionais.
- Sabor transcendental. Depois disto, o gosto transcendental é obtido. Quando este real sabor é acordado, a atração pelas práticas espirituais tais como ouvir, cantar, lembrar etc.. se torna mais atrativa do que qualquer outra atividade material. Este é o quinto estágio de desenvolvimento no caminho da devoção pura.
- Profunda atração. Isto se refere á atração especial á Deus e seu eternos associados. Isto ocorre quando a avidez pelas práticas espirituais leva a pessoa á Ter uma profunda e direta atração pelo objeto da prática devocional, o Deus Supremo, Krsna.
- Amor espiritual(bhav). Por último a pessoa obtém o contagiante amor puro por Deus. Isto é comparado ao raio de sol do puro e transcendental amor á Deus.
Neste estágio de devoção, bhava, a essência da potência interna de Deus, a qual consiste no conhecimento puro e extase espiritual, é transmitido ao coração do praticante provindo do coração de um dos eternos associados de Deus que veio á este planeta. Neste estágio, a pessoa realiza em seu coração, as onze características do seu corpo espiritual eterno, tais como seu nome, sua forma, seu eterno serviço etc... isto é chamado de perfeição da forma espiritual, svarupa-siddhi.
Quando o estado de bhav se torna completo e fica condensado, isto dá-se o nome de prema, amor transcendental puro por Deus.
Este amor transcendental puro por Deus é a eterna religião de todas as entidades vivas.
Verdadeira religião e religiões enganadoras.
No mundo atual, a maioria das religiões são descritas como “religiões enganadoras” pelo Srimad Bhagavatam, o néctar do Vedanta. O Sri Caitanya Bhagavat também diz:
Todas as idéias mundanas que usam o nome de religião, não são nada mais que decepção.”
Religião temporária é o dharma no qual orar pelo pão e manteiga é a maior forma de adoração á Deus. Religião temporária é aquela na qual a pessoa considera o corpo como sendo o eu (alma) e a alma como sendo Deus.
Doar arroz e lentilha ao povo com a concepção errada que eles são pobres; construir hospitais e escolas sem informação sobre Deus acreditando que este é o maior serviço á Deus; pensar que a eterna ocupação , a temporária ocupação e todas as outras variedades de dharma são a mesma; negligenciar a eterna ocupação da alma e propagar o secularismo; sacrificar animais inocentes e pássaros em nome de amor neste mundo; e servir um homem ou uma nação, são todas religiões temporárias.
Nenhuma destas atividades traz nem mesmo bem estar permanente ao mundo.Se consideramos a terna religião ser como um templo, em outras palavras, ser nosso maior objetivo, nós podemos aceitar estes outros dharmas, parcialmente, mas apenas com passos para achar este templo da religião eterna. Sempre que estas outras religiões contradizem, cobrem ou dominam a nitya-dharma, a eterna ocupação da alma, elas devem ser completamente abandonada. Moralidade, humanidade ou amor mundano é desprovido da eterna função da alma e indigna de qualquer glorificação. O real objetivo e a única proposta da humanidade e moralidade é obter amor puro por Deus (Krsna prem)
Se há apenas uma pessoa que realmente pratica esta eterna função e mantém o fogo do cantar dos santos nomes de Deus sempre aceso, então sua nação, casta e sociedade nunca se quedará arruinada. Até mesmo se esta nação vir a ficar dependente e oprimida por outro país e seu tesouro for roubado, as escrituras forem queimadas, e a cultura e a prosperidade for destruída, este cantar dos santos nomes de Deus:
HARE KRISHNA HARE KRISHNA KRISHNA KRISHNA HARE HARE
HARE RAMA HARE RAMA RAMA RAMA HARE HARE
Fará com que se torne possível o eterno bem estar do mundo, país, sociedade, casta e do próprio praticante.
Eu completo minha leitura repitindo a isntrução final de Krishna, o fundador do dharma, como foi falado no Bhagavad Gita (18.66).
Abandone completamente todas as variedades de dharma relacionados com seu corpo e sua mente, e simplesmente renda-se completamente á mim. Eu prometo liberar você de todas as reações pecaminosas. Não temas.
Título original em Inglês
NITYA DHARMA- A ETERNA FUNÇÃO DA ALMA
Tradução – Baladeva Das Brahmacari
AS TRÊS GRANDES ONDAS DE SRI CAITANYA MAHAPRABHU NO BRASIL
(História do Movimento Hare Krsna no Brasil - por Vyasa Dasa)
Relato Histórico do Inicio do Vaisnavismo no Brasil em 1973, com A.C. Bhktivendanta Swami Prabhupada, e os demais momentos importantes que se seguiram com a continuidade evolutiva do Estabelecimento de Grandes Acaryas Vaisnavas, sendo Srila Sridhara Maharaja a partir de 1.980 e atualmente Srila Narayana Maharaja.
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