VILAPA KUSA MANJALI
VERSO 8
DEVI DU?KA KULA S?GARODARE
DYAM?NAM ATI DURGATA¤ JANA¤
TVA¤ KP? PRABALA NAUKAY?DBHUTA¤
PR?PAYA SVA PADA-PA¥KAJ?LAYAM
devi - ó Deusa!; du?ka-kula - misérias; s?gara - oceano; udare - no meio; d?yam?nam - aflito; ati - muitissimo; durgata? - desamparado, desgraçado; jana? - a pessoa; tva? - Você; kp? - clemência; prabala - poderoso; naukay? - com o barco; adbhuta? - maravilhoso; pr?paya - faça-me alcançar; sva - Seu; pa?kaja de pada - pés de lótus; ?layam - morada.
"Ei Devi! Estou desamparado e angustiado no meio de um oceano de aflição! Por favor, leve-me ao esplêndido abrigo dos Seus pés de lótus no barco poderoso de Sua misericórdia!"
Parimala-kana Vyakhya-
O oceano de aflição de viraha é difícil de atravessar
Quando a mente fica muita agitada por sentimentos de saudade, o devoto amoroso (premika) se sente desamparado , desafortunado, incapaz de pôr um fim a isso. Embora ele se sinta esmagado pela dor da separação, sabe que o único remédio é obter a audiência e serviço direto a ®r? R?dhik?. ®r?la Raghun?tha d?sa sente que está no meio de um oceano de miséria, não há nada mundo material que possamos comparar a essa situação. Não há como termos uma idéia desse grande sofrimento de viraha, pois não encontramos analogia no plano material. Certa vez, ®r? Gauridevi (Parvati) perguntou a seu marido ®r?man Mahadeva (Senhor ®iv? ) sobre o poder do arrebatador amor de ®r? R?dh? e a resposta foi:
lok?t?tam aj??a ko�i gam api traik?lika? yat sukha?
du?ka? ceti pthag yadi sphu�am ubhe te gacchata? k?�at?m
naiv?bh?sa tula? ive tad api tat k?�a-dvaya? r?dhik?
premodyat sukha du?ka sindhu bhavayor vindeti bindor api (Ujjvala Nilamani , Sthayi 171)
"Ó ®ive! (Parvati) Se você juntasse a felicidade e a miséria dos milhões de universos materiais e espirituais existentes no passado, presente e futuro, isso somado não poderia ser comparado nem a uma gota do oceano de felicidade (do encontro) e de miséria (da saudade) que ®r? R?dhik? sente devido a Seu amor por K?a !"
As ki?kar?s também experimentam algo dessa felicidade e tristeza, porque elas não são diferentes de ®r? R?dhik? no coração e elas possuem algo do mah? bh?va de R?dh? infundido nelas e assim se um devoto premika sente mesmo um leve reflexo das elevadas ondas dançantes que se propagam no terrível oceano do sofrimento de saudade de ®r? Raghun?tha d?sa, mesmo esse fragmento dará a compreensão imediatamente da impossibilidade de alguém no mundo que possa falar da grandeza desse sentimento. Apenas um nitya-parikara (associado eterno) que já não se encontra em um corpo material abre-se essa possibilidade. As feições do rosto de lua entristecido de ®r?man Mahaprabhu, a personificação de vipralambha rasa (amor em separação), quando saboreava os sentimentos de saudade de R?dh? no Gambh?r?, será delineada na mente desse devoto que saboreia viraha-rasa de ®r? R?dh?.
Quando o devoto está quase morrendo devido ao profundo viraha, de repente, a visão de sua deidade uma vez mais aparece diante dele e isso permite que ele continue vivendo.
Com isso não há fim para a bem-aventurança desse devoto, pois ele está outra vez próximo da Deidade Adorável. Essa constante sucessão de visões em união e separação leva o devoto a uma condição indescritível. Essa é a qualidade especial do amor de Vraja e é conhecido como grande tesouro de Vraja-rasa-upasaka (praticante dos sabores de Vraja):
tathedam ?nanda bhar?tmaka? v?-thav? mah? okamaya? hi vastu
bhavanti sampatty udayena yasya sad? mahonmatta vice�it?ni
�Sambhoga-prema e vipralambha-prema são conhecidos como Ananda-bharatmaka, ou por um lado prazeroso e por outro maha-Soka-maya, repleto de dor. Fazer uma distinção entre essa dor e prazer é impossível. Quando o tesouro de prema surge no devoto, ele começa a se comportar como um louco delirante�.(Brihad-BhAgavatAmritam)
Quando a visão da Amada se perde, a dor da saudade fica tão severa que esvaece a lembrança da recente experiência onde havia obtiido a bem-aventurança da união. Nessa condição, apenas outra visão igual pode manter o devoto vivo. E assim ele fica esperando porque não possui outro abrigo na vida, nada mais pode consolá-lo. A intensidade de seus sentimentos é que causam a visão. O aspirante também deve ter alguma vivência disso em seu bhajan. Quanto mais experiências se têm, mais progresso se faz. O ®r?mad Bh?gavata diz que bastou uma sincera reverência de Akrura MahaSaya para que seus desejos espirituais fossem satisfeitos. Quanto sabor houve ali, naquela singular reverência (pranama)!
pad?ni tasy?khila lokap?la kir?�a ju�?mala p?da re?o?
dadara go�he kiti kautuk?ni vilakit?ny abja yav??ku?dyai?
tad daran?hl?da vividdha sambhrama? premnordhva lom?ru kal? kulekana?
rath?d avaskandya sa tev ace�ata prabhor amuny a?ghri raj?msy aho iti
"®r? Sukadeva disse a Mah?r?ja Pariksit: 'ó Rei! Akrura em sua carruagem viu os sinais especiais de flor de lótus, haste da cevada, bordão do elefante, etc - que haviam sidos deixados pelas marcas dos pés de ®r? K?a no prado de Vraja. A poeira desses pés decora as coroas de todos os mantenedores do universo (os semideuses). O amor e respeito extático de Akrura naquele momento aumentou, seu cabelo se arrepiou e seus olhos se encheram de lágrimas de amor enlevado. Ele pulou da carruagem atirando-se ao chão e disse: 'Aho! Que lindo! Que lindo! Essa é a poeira dos pés de meu mestre" e assim rolava no solo e oferecia suas reverências (Bh?gavata 10.38.25-26)
Logo em seguida, Akrura obteve a visão de ®r? K?a e ®r? Balarama (bhaktira prati anga yajanei anubhava).
Quando vemos essas vivências de um devoto parece que o Senhor o está levando pela mão. Como o devoto poderia desenvolver algo assim se ele não tem a mínima familiaridade com a sua deidade amada? Como podemos avançar na direção de alguém que nunca vimos, ouvimos, e que está além de nosso alcance? Um devoto pode fazer a seguinte consideração: "Eu não A pude conhecer embora Ela seja tudo para mim! Eu sequer pensei no serviço pessoal a ®r? R?dh?, a quem meu Guru misericordiosamente me apresentou! Minha consciência corpórea é tão forte e tudo é adverso ao humor que eu desejo!" Que triste desperdício é nossa vida quando não temos nem uma ligeira familiaridade com ®r?mat? R?dhik?, que faz até mesmo o Senhor Supremo de todos os mundos materiais e espirituais desfalecer, apenas com um único olhar de canto de olho para Ele! O aspirante é atraído aos pés de lótus de R?dh?r??? pelo seu próprio desejo intenso de alcançá-los. " Ó Sv?mini! Se Você só uma vez ficasse em meus pensamentos ou então em meus sonhos, isso bastaria para mim! Por favor responda, ó Sv?mini! Diga-me uma única vez 'Você é Minha!' Eu estou aqui sentado, apenas esperando por isso e nada mais"! Quando o devoto assim aguarda tão ansiosa e exclusivamente, tudo que não for relativo a esse anseio, se torna insignificante para ele, que é atraído pouco a pouco aos pés de lótus de R?dh?r??? através dessas suas vivências. O brilho que emana das unhas dos dedos dos pés de R?dh? iluminará o coração de qualquer devoto que desenvolva essa devoção indescritível. K?a, mesmo sem ser chamado, virá ao devoto que medite nos pés de lótus de R?dhik? e que ouve e canta as glórias dEla!
r? r?dhe r? v?? de r?dhe? yei dique y?ra mukhe uni, sei dique dh?ya mora mana "
Onde quer que eu ouça as palavras �®r? R?dhe ®r? R?dhe� da boca de alguém é nessa direção que a Minha mente corre!" Até mesmo o rei dos amantes, L?lj? (K?a), Se surpreende com isso! Mesmo Ele terá que vir. ®r?mad Bh?gavata (1.2.17) diz que ®r? K?a vai sentar nos corações dos que ouvem e cantam sobre Ele e ao limpar assim toda a contaminação material desses corações, se tornam lugares dignos para Ele.
?vat?? sva kath? k?a? pu?ya rava?a k?rtana?
hdy anta? stho hy abhadr??i vidhunoti suht sat?m
O coração de Sv?min? é ainda mais terno! De acordo com os mah?janas (os mestres do passado) R?dh? diz: ?m?ra koth? bole yei ?m?ra mata hoy sei, bosiya kohinu vnd?vane "Qualquer um que fale sobre Mim, age segundo Minha vontade (e isso muito me agrada). Foi o que Eu disse em Vnd?vana"! De fato, sem a misericórdia de ®r?mat? R?dh?r???, K?a jamais pode ser alcançado. ®r?la Narottama d?sa µh?kura canta:
r?dhik? cara?a re?u, bh?a?a koriy? tanu,
an?y?se p?be giridh?r?
r?dhik? cara??raya, ye kore se mah?aya,
t?re mui y?i bolih?r?
"Qualquer um que decore o próprio corpo com a poeira dos pés de R?dhik?, com facilidade, obtém Giridh?r?. Eu glorifico as grandes almas que se abrigaram aos pés de lótus de R?dhik?!"
jaya jaya r?dh? n?ma, vnd?vana y?ra dh?ma,
k?a sukha vil?sera nidhi,
heno r?dh? gu?a g?na, na unilo mora k?na,
vañchita korilo more vidhi
"Todas as glórias ao sagrado nome R?dh? que reside em Vnd?vana e que é a jóia dos passatempos de K?a! O destino me deixou desprovido ao não permitir que pudesse ouvir as glórias de R?dh? "!
t?ra bhakta sa?ge sad?, rasa l?l? prema kath?,
ye kore se p?y ghanay?ma
ih?te vimukha yei, t?ra kabhu siddhi n?i,
n?hi yeno uni t?ra n?ma
"Os que se associam com os devotos de R?dh? e assim conversam sobre Sua rasa, os Seus passatempos e o Seu amor, alcançarão Ghanay?ma (K?a), porém os que são contra isso jamais atingirão a perfeição. Que nem mesmo ouçamos os nomes dessas pessoas."
k?a n?ma g?ne bh?i, r?dhik? cara?a p?i,
r?dh? n?ma g?ne k?a candra.
sa?kepe kohinu koth?, ghuc?o monera byath?,
du?kamaya anya kath? dhanda
"Ó irmão! Ao cantar o nome de K?a você obterá os pés de lótus de R?dhik? e ao cantar o nome de R?dh? você obterá K?a-chandra. Essa é uma expressão sucinta, agora extirpe a dor de sua mente. Todos os outros assuntos tratam apenas de misérias "!
Por que ®r? Raghun?tha dasa está chamando uma campesina de 'deusa' (dev?) nesse verso? dev? kohe dyotam?n? param? sundar? {Caitanya Carit?mta ?di 4.84} " Dev? " significa 'imensa refulgência' ou 'imensa beleza'. Mas essa beleza é constituída do pináculo de amor divino, caso contrário não poderia fazer Rasika ®ekhara (K?a, o rei dos degustadores) feliz! Isso é vivenciado com uma visão transcendental. ' Dev? ' também significa 'adorável�. E quem A adora? ki? v? k?a p?jya kr?? vasati nagar?" Ela é o domicílio dos passatempos de adoração de K?a". A raiz verbal 'div' possui vários significados. Um deles é 'kr??', ou brincalhão. divyati kr?ati asyam. ®r? K?a brinca com ®r? R?dh?, por isso Ela é chamada 'dev? '. Claro que K?a também brinca com outras amadas, mas uma vez que ®r? R?dh? é a causa raiz de todas essas consortes é dito vasati nagar?, Ela é a morada. Ela não é unicamente a amada de K?a, é também o objeto da adoração dEle.8
Agora o cenário de um doce l?l? surge na mente de ®r? Raghun?tha. ®r?-®r? R?dh?-M?dhava desfrutam em um kuñja e Tulas?, que é não-diferente de Sv?min? em coração e corpo, está ocupada em abanar o Casal Divino. Durante os passatempos amorosos nos quais K?a faz o papel passivo como um herói qualificado, K?a desfalece de êxtase, subjugado pelo madana mah? bh?va dEla, porém Anur?gavat? (R?dhik? apaixonada) não está satisfeita. Ela mesma enfeitiçou esse distinto herói, e agora Ele não sabe mais o que fazer! Durante o festival do Cupido, Sv?min? acerta Seu herói com o lótus que Ela costuma brincar. Tulas? sorri quando vê isso e esse riso enlouquece ®y?masundara. Esse é um dos serviços inigualáveis das ki?kar?s que só podem ser vivenciados pelos devotos rasika. Sv?min? está sentada na cama, o vestido dEla está desalinhado mas ainda cintila (dyotam?n?). É como se néctar gotejasse de cada um dos Seus membros. Nosso herói fica enlouquecido por essa doçura.
l?l? pagam sukhe ih?ra ye a?ga-m?dhur?; sukhe dekhi t?h? ?mi p?sari ?pan? (Caitanya Carit?mta)". Quando vejo a doçura do corpo dEla após fazermos amor perco Meus sentidos"! Sv?min? nisso fala com K?a: " ó lindo! Me arrume de novo antes que Minhas sakh?s cheguem e (ao Me verem assim) se divirtam às Minhas custas"!
Nosso herói Se senta então com ansiedade aos pés de Sv?min? preparado para decorá-lA.9 Pr??evar? diz: "Passe laca (resina vermelha que se passa ao redor do solado) nos Meus pés"! L?lj? inicia os trabalhos, segurando os pés dEla junto a Seu peito e assim mergulha em um doce transe enquanto contempla esses pés. Impacientemente Sv?min? diz: "O que Você está fazendo? Passe rápido a laca! O que dirão Minhas amigas se me virem assim?� Contudo, nosso Herói às vezes aproxima os pés dEla junto ao Seu peito, às vezes os beija e às vezes passa um pouco de laca neles com Suas mãos trêmulas, como se tivesse achado finalmente Seu grande tesouro, e agora não sabe onde o colocar: yatane de aneka, p?iy? de ratana, thuite �h?? p?ya de n?. Um pouco da laca vermelha molhada respinga no peito azulado de ®y?ma formando um quadro do sol nascente na densa escuridão, ou a cena da flor de lótus vermelha que cresce na água enegrecida do Yamun?. Essa laca vermelha ardente dos sublimes pés de R?dhik? derrota a beleza do símbolo ®r?vatsa, da pedra preciosa Kaustubha e da linha dourada que representa a deusa da fortuna no peito de K?a!10
®y?ma fica seduzido pela beleza dos pés de ®r?j? (jagata mohana k?a t?h?ra mohin?, K?a encanta o mundo, mas R?dhik? encanta até mesmo Ele, Caitanya Carit?mta). Assim Ela diz: �ó Lindo! Eu compreendo! Você não consegue! Tulas?, venha! Passe essa laca para Mim! Essa atitude de R?dh? faz Sy?ma pensar conSigo mesmo: "Ai de Mim! Que inábil que sou "! Diante da ordem de Sv?min?, Tulas? suavemente empurra ®y?ma e diz: " Mexa-Se! Com Você não dá! Eu farei isso!"11 Bem na hora em que Tulas? estica o braço para pegar os pés de Sv?min?, a revelação transcendental desaparece e Raghun?tha d?sa cai em profundo lamento pensando: "Agora eu estou irremediavelmente caído no oceano de miséria! Seus pés de lótus são minha morada! Por favor, deixe-me retornar através do barco maravilhoso de Sua clemência, por esse oceano de sofrimento "!
®r? Rasika-Chandra D?sa canta:
uno uno ayi devi r?mati r?dhike! tomara viyoga du?ka samudra adhik?
?mi to poiy? ?chi t?h?ra udare; satata santapta ati hotechi antare
niralamba t?ya ?mi n? j?ni s??t?ra; tom?ra ye kp? m?tra bharas? ?m?ra
ye prabala kp?-tar? diy? e samaye; loho tumi nija pada-pa?kaja ?laye
"Ouça, ó Deusa ®r?mat? R?dhike! Ouça! Eu cai no meio do grande oceano de miséria, devido estar separado de Você e meu coração sempre arde em chamas! Eu estou desamparado, porque não sei nadar. Sua misericórdia é Minha única esperança! Agora me leve outra vez para a morada de Seus pés de lótus com o barco poderoso de Sua clemência"!
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